UM DIA NA FAZENDA
Segunda, como todos sabem, é dia de poesia no Momento de Luz. Portanto, abramos o nosso coração para a arte do viver.
Hoje, especialmente, com a natureza.
Uma ótima semana para todos.
UM DIA NA FAZENDA
O dia despertava lentamente, preguiçoso
Os primeiros raios de sol anunciavam a primavera
No colorido do horizonte divisavam-se imagens
Das janelas disformes, da humilde tapera
As águas saltitavam no regato da ladeira
Salpicando orvalho nas plantas da beirada
Que se curvavam para beber a bruma
Deixada pelo frio da madrugada
Os fentos e croques sacudiam a letargia
Deixando para trás a tristeza da noite
Que, com seu manto, trazia a frieza
Recebendo dos ventos, seu açoite.
O idoso dava os primeiros passos da manhã
Admirando a beleza das flores do campo
Que acordaram, perfumadas, de roupa nova
Mostrando para ele seu encanto
O mugido do gado ressoava na campina
O balido das ovelhas dava o tom ao dia
Suínos e aves completavam a orquestra
Mostrando ao campo a sua rebeldia
Apesar da alegria da feliz bicharada
Os corvos cantavam música da morte
Buscando o repasto, nos mortos da noite
Provocado pelo frio que viera do norte
Cucos e gayos, melros e andorinhas
Com seu chilrear anunciavam a vida
Buscando o repasto para seus filhotes
Que ficaram no ninho, além da campina
Os coelhos e lebres corriam no campo
Brincavam ao sol saindo da fossa
Orelhas em pé e ouvidos atentos
Para detectar a presença da raposa
O dia vai em frente, as horas não param
Tudo volta a seu ponto passo a passo
O labor cansativo do dia inteiro
Começou na alvorada e terminou no ocaso
Tudo se acalmando nos lares humildes
Cansados que estavam da labuta do dia
A indolência toma conta das criaturas
Serenando a ansiedade e a rebeldia.
Assim termina um dia na fazenda
Onde lutaram pela sobrevivência
Entregando a Deus no altar da vida
Seus atos de amor e de decência
ACA