UM OLHAR A RESPEITO DA FAMÍLIA

15/07/2014 07:14

Esta semana, no Momento de Luz, Gregório sede o espaço para uma amiga, que nos convida a olhar a família, ressaltando sua importância e refletindo sobre o seu valor na construção da sociedade.

O que nos une em família? O que nos mantem reunidos? Como estabelecemos relações familiares harmoniosas? Estas e outras questões são propostas por este texto: Um olhar a respeito da família, que fala de algo tão especial que nos toca profundamente.

Boa reflexão!

Andréa

 

 

UM OLHAR A RESPEITO DA FAMÍLIA

 

A relação entre pais e filhos merece uma atenção especial. Afirmo que dificilmente os laços familiares são isentos de afeto e carinho. Por muitas vezes, estão, simplesmente, adormecidos e precisam ser despertados.

Voltemos nosso olhar para as famílias e para todo o significado que elas representam. Berço da família divina, são entre os pais e os filhos que surgem as relações respeitosas, que perseveram por toda a sociedade.

Se não fossem estes pequenos lares, como conseguiríamos aprender a doce e difícil tarefa de convivermos? É ao lado dos pais que conhecemos as necessidades afetivas do outro. É quando nos familiarizamos com o outro, afastando-nos, um pouco, do olhar somente para nós mesmos.

É este convite diário ao reconhecimento da existência de um terceiro, que demanda atenção, carinho e zelo, que perpetuamos nossa magnificência como espíritos de âmbito coletivo, que caminham juntos em prol de um grupo, de uma família, de uma sociedade.

Investir na família, em sua educação afetiva e moral, é traçar caminhos futuros harmoniosos entre indivíduos de todas as raças e nacionalidades. É construir uma trajetória dignificante na humanidade, estabelecendo novos laços de convivência, sem rastros de violência e destruição, garantindo relações familiares harmoniosas entre toda a humanidade.

Portanto, eis a fundamental importância de fazer dos pequenos grupos familiares lares, onde reine o amor, o respeito e a benevolência. Para que surjam famílias maiores, grupos que se reúnem reconhecendo o valor das relações e proporcionando diálogos reflexivos e instrutivos para a troca de aprendizado, através das experiências vividas em conjunto.

Não é por acaso que nos reunimos por causa do amor, do desejo de estar juntos. Eis o ponto de partida para a construção dos laços de família, para o entendimento, para o respeito das individualidades e diferenças, para o auxílio mútuo e para a convivência amorosa.

E se o amor os reúne, por que o desgaste, o desrespeito, os desentendimentos, a agressividade, a desarmonia? O que nos afasta do outro que acreditamos amar e que nos ama? O que compromete o viver deste amor?

Somente dentro de cada um de nós podemos encontrar as respostas para estas perguntas. É através do olhar mais apurado, direcionado para o limite que nos separa do outro, que nos torna indivíduos no coletivo. Na ponte que nos permite correlacionar com o outro.

Olhar atento, amoroso e respeitador. Que percebe e não omite as fibras frouxas que nos ligam. Que questiona e busca entendimento. Que desperta e busca solucionar os desajustes. Que encontra caminhos para o perdão e para a reconstrução, refazendo nós que se enlaçam harmoniosamente.

Nesta rede entrelaçada, se embalam os sonhos da família. Distantes dos apegos ao poder, ao material, a vaidade e ao egoísmo. Envolvidos em sentimentos nobres que reúnem, que zelam pelo bem estar, que não temem o anonimato, que impedem as disputas, que festejam as alegrias, que amparam as tristeza, que desfazem os desentendimentos, que alimentam o amor que une.

Como conviver com quem considero um inimigo em potencial? Com o qual disputa cada caminhar na vida? No qual aponto defeitos, ao invés de auxiliá-lo no crescimento? Que agrido, ao invés de apoiá-lo? Com o qual transito, justificando aos outros suas dificuldades, rindo dos seus erros, desrespeitando seus interesses? Aonde foi repousar o amor, que, vívido, buscava pela companhia deste que agora mal reconheço?

Não há como vivenciar o amor, sem que o coração esteja leve, não atravancado pelos desejos individuais, sem espaço para as demandas do outro. Quando voltado para mim mesmo, não percebo quem está ao meu redor, o que ele sente, do que precisa, o que posso compartilhar com ele.

Não há relação sem troca, sem partilha, sem doação, sem permissão para receber. Não há amor sem amor. Sem acolher, sem olhar, sem escutar, sem abraçar, sem entender, sem respeitar, sem perdoar, sem entrega. Sem Ser. Sem sentir.

E quando não há lugar para o fruto do amor? Para o que chega pequeno, ainda mais precisado de atenção, de cuidado, de amor. Para aquele que vem compartilhar do aprendizado. Que vem aprender. Que vem ensinar.

O filho que um dia será pai. A criança que se tornará adulto. O fruto que se tornará semente. O círculo familiar que se inicia no lar e culmina na sociedade. Todos pais, todos filhos, todos irmãos, todos responsáveis pelas relações sociais.

Retomamos, assim, ao início da nossa conversa sobre a importância das relações familiares, das relações entre pais e filhos. Do chamado a contemplá-las, refleti-las, vivenciá-las, apoiá-las, transformá-las.

A alimentá-las com o mais puro amor. O amor que atento, percebe.  Que escuta e avalia o que fala. Que sincero, reconhece os erros e modifica-se. Que compreensivo, respeita as dificuldades e apoia. Que escolhe caminhar lado a lado, sem disputa pelo espaço. Que zela. Que dá e recebe. Que se faz vívido e presente.

 

Um olhar a respeito da família

Mariana Iberi

06.07.14  

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