UMA COMPLETA REDE DE PONTOS ENTRELAÇADOS
Uma completa rede de pontos entrelaçados. Assim somos nós, descreve-nos Gregório, convidando-os a reflexão. Uma união de opostos que precisa ser olhada e ouvida com carinho e respeito, para ser transformada.
Não adianta identificarmos e odiarmos o lado obscuro que somos, escondendo ou desistindo de nós mesmos. Optemos por um mergulho interior em busca do autoconhecimento e portadores do saber, partamos para o crescimento.
Boa Viagem!
Andréa

UMA COMPLETA REDE DE PONTOS ENTRELAÇADOS
Nem sempre tudo é tão feio como parece ser. Sei que tem dias que o nada é a nossa escolha, pois só ele preenche o vazio que abrimos em nosso peito. Ao sentir que não temos saída, simplesmente, entramos pela ferida e desaparecemos.
Mantemo-nos escondido, curtindo a dor que nos dilacera, sem coragem de por o rosto para fora à procura de algo mais. Algo grande ou pequenino, um simples ponto de luz que nos puxe para fora e nos dê um novo sentido.
Mas como achar, sem procurar? Só é possível achar o que se procura. O que se deseja encontrar. Às vezes, é somente isso que nos falta: a vontade. O ir em busca do que que realmente precisamos.
Partimos do pressuposto que não conseguimos, mas a verdade é que não sabemos. Não fazemos ideia do que queremos. Vivemos cheios de dúvidas e medos.
Dúvidas de não saber escolher o que é melhor para nós. De não sermos bom o suficiente para merecermos e manter o que foi escolhido. De sermos fracos ou fortes demais para pedirmos auxílio, para precisar de nós mesmos e do outro.
E os medos?! Medos de conseguir e de não conseguir. De não encontrar e de encontrar. De não sermos suficientes ou sermos bons demais para o que nos chega, pois tememos as responsabilidades.
Em alguns momentos nos achamos pequenos demais para alcançarmos e nos subtraímos do lugar que almejamos. Outras vezes, sentimo-nos grandes demais e abandonamos o início do percurso, que, ao final, nos engrandeceria.
Pequenos, grandes, porque não simplesmente olhamos quem verdadeiramente somos? Medo! Medo de quem somos. Será que eu me aprovarei? Será que o outro me aprovará?
Por que não fazemos perguntas mais interessantes como: Por que sou assim hoje? Em quem quero me transformar amanhã?
Ao olharmos amorosamente não precisamos temer o que somos. Identificaremos pontos luminosos, mas também obscurecidos. Ampliemos a luz, inundando o obscuro, transformando-o.
Porque, assim somos nós, uma completa rede de pontos entrelaçados, constituindo quem somos. Logo, a ausência de um faz com que a rede decaia. Então, não podemos, simplesmente, arrancar o ponto que não gostamos. Faz-se preciso transformá-lo. Como fazê-lo?
Os meses iam passando. E cada vez mais perto, estava o dia da despedida de meu amigo Claus. Deixei de sofrer e passei a me concentrar mais e mais na minha nova missão. Passava horas a estudar, sozinho ou com o grupo.
Em alguns momentos, preferia estar ao lado dos companheiros, trocando experiências e aprendizados. Em outros, recorria à solidão. Era bom estar comigo mesmo e refletir.
Envolvia-me na leitura, transportando-me para diferentes lugares e épocas. Lá, intrínseco aos conteúdos e aos fatos, embutia-me do conhecer. Vivenciava novos conceitos, experiências, modos de pensar e agir.
Tinha consciência de que, a partir de agora, estava designado a um fazer maior, que exigia de mim conhecimento, disciplina e dedicação. E eu estava disposto a isso. A um novo viver.
Sentia-me, assim. Destinado a um novo viver, mais responsável, mais comprometido. E, com certeza, depois desta missão, não seria mais o mesmo.
Nunca sou o mesmo, após as missões que realizo. Mas desta vez, sabia que seria diferente. Colocava-me sempre como estudante a aprender, questionando e podendo errar.
Continuarei um estudante a aprender, manterei os questionamentos e, sem dúvida, continuarei a errar, porém, não do mesmo jeito. Adotarei uma nova postura. Deixarei de ser criança para ser um jovem em aprendizado.
Assumirei mais responsabilidades e, mais maduro, comprometo-me a refletir mais, a empenhar-me no pensar, no sentir e no fazer, reduzindo os equívocos e ampliando os acertos.
Talvez seja um caminho. O de se colocar como aprendiz e partir em busca do aprendizado. Aprendiz de si mesmo, interiorizando-se e se autoconhecendo.
Eternos aprendizes, pois sempre estamos a aprender. Mas, assim como nas instituições de ensino, a cada período de estudo, avançamos para a complexidade, imbuindo-nos cada vez mais do saber.
E, uma vez portadores do saber, podemos partir para o fazer. O fazer transformador, que nos torna maiores, melhores do que jamais fomos. Capacitados de nos mesmos, ampliamos a luminosidade de nossa rede.
Fornecer luz para nós mesmos. A partir de nós mesmos. Um caminho a ser traçado e percorrido.
Abraço afetuoso,
Gregório
11.08.13
