VIAGEM AOS UMBRAIS
“Nesses infernos escuros... onde aos corações duros... a dor atrai, mas, não seduz... Chegará oportuno momento... que serenará o lamento... porque o céu banha de luz.”
Apenas um espaço da poesia já nos convida para adentrarmos na beleza do texto de hoje. Uma viagem pela dor para aprendermos o valor do amor.
Ótima semana para todos.
VIAGEM AOS UMBRAIS
Estava eu caminhando
O mundo em volta girando
Num caminho feito de luz
Chegava perto da sombra
A densidade me assombra
A curiosidade me seduz
Entrei portal imaginário
Parecia mundo binário
Tinha de manter a razão
Miasmas por todo lado
E sobre mim debruçado
O céu na escuridão.
Andava, tortuoso caminho
Sem animais nem vizinhos
Somente lúgubre ausência
Caíam gotas escuras
Como choro das amarguras
Deste mundo de demência
Radiante luz me envolvia
Parecia de noite e de dia
Os dois ao mesmo tempo.
De perto a luz, comia o nada.
Ao longe o nada se adensava
Ouvia ruídos do vento.
Aos poucos na escuridão
Seres sem muita ração
Seus sussurros eram ouvidos
Charcos por todos os cantos
Cobertos por densos mantos
De degradados bandidos.
Pouco a pouco me dei conta
Quando vi tanta afronta
As leis divinas de Deus.
Que visitava os umbrais
Cheios de vis marginais
Que havia ausência dos céus.
A luz dissolvia as beiras
Vi que, de alguma maneira
Andava comigo Jesus.
Levando alento às escarpas
Tirando de densos charcos
Os que ofenderam a cruz
Desespero lancinante
Neste mundo desamante
De tortura e desilusão.
Dos peitos fluíam dores
Solicitando os amores
Do Deus da imensidão.
Todos estavam cativos
Mortos pensando estar vivos
Vitimas e agressores.
Alguns fugiam do inferno
Rendidos ao ser eterno
Trocando lama por flores.
Os que eram renitentes
Mais amargos, mais dementes
Lutavam contra Jesus.
Rastejavam nos umbrais
Com vastas ofensas morais
Carregando pesada cruz.
Deus da vida não tem presa
Sua mansidão expressa
A vontade de os acolher
Mas têm que abrir os sentidos
Deixar a vida de bandidos
Para assim o merecer.
Nesses infernos escuros
Onde aos corações duros
A dor atrai, mas, não seduz.
Chegará oportuno momento
Que serenará o lamento
Porque o céu banha de luz.
Exercito de almas bondosas
Descerá as densas fossas
Dando, um basta nas provas.
Armados com paz do alto
Tomam o inferno de assalto
Semeando energias novas.
No livro do céu estava escrito
Que o pai amado e bendito
Desceria aos infernos.
Tirando o peso da cruz
Com seu amor que seduz
E seus laços mais fraternos.
ACA