VIAGEM AOS UMBRAIS

08/04/2013 22:13

 

“Nesses infernos escuros... onde aos corações duros... a dor atrai, mas, não seduz... Chegará oportuno momento... que serenará o lamento... porque o céu banha de luz.”

Apenas um espaço da poesia já nos convida para adentrarmos na beleza do texto de hoje. Uma viagem pela dor para aprendermos o valor do amor.

Ótima semana para todos.

 

 

VIAGEM AOS UMBRAIS

 

Estava eu caminhando

O mundo em volta girando

Num caminho feito de luz

Chegava perto da sombra

A densidade me assombra

A curiosidade me seduz

 

Entrei portal imaginário

Parecia mundo binário

Tinha de manter a razão

Miasmas por todo lado

E sobre mim debruçado

O céu na escuridão.

 

Andava, tortuoso caminho

Sem animais nem vizinhos

Somente lúgubre ausência

Caíam gotas escuras

Como choro das amarguras

Deste mundo de demência

 

Radiante luz me envolvia

Parecia de noite e de dia

Os dois ao mesmo tempo.

De perto a luz, comia o nada.

Ao longe o nada se adensava

Ouvia ruídos do vento.

 

Aos poucos na escuridão

Seres sem muita ração

Seus sussurros eram ouvidos

Charcos por todos os cantos

Cobertos por densos mantos

De degradados bandidos.

 

Pouco a pouco me dei conta

Quando vi tanta afronta

As leis divinas de Deus.

Que visitava os umbrais

Cheios de vis marginais

Que havia ausência dos céus.

 

A luz dissolvia as beiras

Vi que, de alguma maneira

Andava comigo Jesus.

Levando alento às escarpas

Tirando de densos charcos

Os que ofenderam a cruz

 

Desespero lancinante

Neste mundo desamante

De tortura e desilusão.

Dos peitos fluíam dores

Solicitando os amores

Do Deus da imensidão.

 

Todos estavam cativos

Mortos pensando estar vivos

Vitimas e agressores.

Alguns fugiam do inferno

Rendidos ao ser eterno

Trocando lama por flores.

 

Os que eram renitentes

Mais amargos, mais dementes

Lutavam contra Jesus.

Rastejavam nos umbrais

Com vastas ofensas morais

Carregando pesada cruz.

 

Deus da vida não tem presa

Sua mansidão expressa

A vontade de os acolher

Mas têm que abrir os sentidos

Deixar a vida de bandidos

Para assim o merecer.

 

Nesses infernos escuros

Onde aos corações duros

A dor atrai, mas, não seduz.

Chegará oportuno momento

Que serenará o lamento

Porque o céu banha de luz.

 

Exercito de almas bondosas

Descerá as densas fossas

Dando, um basta nas provas.

Armados com paz do alto

Tomam o inferno de assalto

Semeando energias novas.

 

No livro do céu estava escrito

Que o pai amado e bendito

Desceria aos infernos.

Tirando o peso da cruz

Com seu amor que seduz

E seus laços mais fraternos.

 

 

ACA

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