VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (10)

23/09/2010 09:42

A vivência mediúnica desta semana exemplifica um caso em que, mesmo na crença de estarmos ajudando, podemos atrapalhar. Por isso, a reflexão se faz necessária para a avaliação de quem realmente queremos ajudar ou queremos satisfazer. Sempre nos perguntando se realmente estamos preparados para respeitar a vontade do outro.

Um forte abraço.

 

VIVÊNCIAS  MEDIÚNICAS (10)

 

Continuando com o nossos relatos e considerações sobre o maravilhoso trabalho de intercâmbio consciente com o mundo espiritual, hoje vou contar um atendimento que nos revela muito sobre a amorosidade possesiva e o cuidado com o outro.

Um conhecido me disse estar com problemas familiares e o encaminhei ao atendimento fraterno. Fazemos o acompanhamento da ficha nas mediúnicas, e, numa quinta-feira, foi trabalhada.

A médium percebeu um senhor austero, muito irritado, que acabou por aquiescer a comunicar-se. Falou que não gostava do lugar: imagine... ele num “centro espírita”... um homem de ciência e que fora médico na última encarnação.

Ao investigar sob sua condição atual (percebi certa confusão com seu estado), respondeu que sabia que estava “morto”, que sua “alma” ainda estava viva, e que acompanhava aquela pessoa porque era o seu padrinho e preceptor, portanto, tinha que cuidar dela, guiá-la. Já o acompanhava há muitos anos e o tinha “livrado” de muitas situações difíceis.

Sentia-se um verdadeiro protetor, e dizia: aqui não é lugar para ele estar, ele tem muito trabalho a fazer! Percebi uma real preocupação com seu “afilhado”, contudo embutido neste cuidado havia uma vontade imperativa, sentia-se dono desse espírito e dizia que ele sabia o que era melhor para o outro. Era realmente um homem culto e inteligente, contudo não tinha desenvolvido uma “inteligência espiritual”.

Percebi que esse espírito projetava no encarnado muito das realizações que desejou para si mesmo enquanto encarnado. Tais projeções eram transmitidas para o paciente encarnado que, convivendo nesse processo obsessivo de longo curso, foi se despersonalizando.

Envolto em vibrações amorosas, ainda assim manteve-se relativamente cético ao lhe mostrarmos o trabalho na casa, os atendimentos feitos, quantos espíritos estavam ali. Não ficou interessado, pois dizia que, como não teve filhos, seu trabalho era com esse único espírito.

Inquirido sobre sua espiritualidade interior, disse que teve criação católica e que iria esperar o dia do juízo final, e, é claro, junto com seu protegido depois que ele morresse. Não aceitava “essa conversa de reencarnação”, pois havia uma única vida e uma única morte. Conversamos mais um pouco e ele se foi com alguns questionamentos, como que atingido por um pequeno raio de dúvida nas suas crenças muito rígidas.

A médium o viu retornar à casa da família, onde, ao seu modo, também acabava por desempenhar um papel de guardião, pois afastava outros espíritos, com densidade vibratória inferior, que ali desejassem permanecer.

 

Esse relato nos revela um espírito vaidoso, cuja espiritualidade interior ainda está despertando, e que o mais próximo de Amor que conhece é esse cuidado subjugador sobre outra pessoa. Todo seu pensamento e esforços concentrados no outro, cujo projeto de felicidade é ele quem melhor conhece!

Vemos muitos encarnados com esse mesmo processo obsessivo, controladores familiares, pais com filhos, irmãos, esposos, amigos e etc., dizerem: eu sei o que é melhor para ele ou ela. Sob inúmeros disfarces de preocupação e de atenção, vão se projetando e enraizando sua presença. Gostam de dar a última palavra, tem dificuldade em aceitar inovações, demostrando sua experiência.

Não são pessoas necessariamente ruins, contudo não tem noção de “caridade” real, de fraternidade, de uma ética humanista que inclua uma família maior. Dizem amar, contudo não compactuam o primeiro sentimento ao qual se agregam outros mais, que é o respeito, o princípio do amor.

Aceitar o outro, respeitar o livre arbítrio, é o princípio do primeiro mandamento: podemos começar respeitando ao outro como gostaríamos de ser respeitados, para desenvolvemos o “Amar ao próximo como a ti mesmo”.

Bem, deixo-os essa semana com essas reflexões, por eu mesma já ter vivenciado ambos os lados:

- Quando somos controlados, e porque nos permitimos?

- Quando sou controlador/a, percebo e modifico minha postura?

Não mais, MUITA PAZ PARA TODOS NÓS!

 Francesca Freitas

23/09/2010

 

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