VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (12)

13/10/2010 22:43

A vivência mediúnica desta quinta faz uma reflexão da vida exaurida em tentar controlar o que é incontrolável.

Esperamos que todos gostem.

 

VIVÊNCIAS  MEDIÚNICAS (12)

 

Retornarei hoje a tecer comentários sobre “o casamento” e que, em poucos aspectos, me lembra da história de Maria Helena e Guilherme, acolhidos pela médium Andrea Coelho.

Numa quinta feira à noite no atendimento espiritual, nossa querida Conchita percebeu uma energia de uma pessoa com muita pressa, pois não podia demorar conversando, tinha um compromisso importantíssimo! A médium sentia uma relativa dificuldade de conexão com esta paciente, pois se distanciava para logo em seguida retornar ansiosa, mas o trabalho dos benfeitores espirituais e a prece acabaram por tranquilizá-la e concordou em dialogar, “ mas só um pouquinho, pois este era o dia mais importante de sua vida”.

Perguntou se eu via como ela estava bonita, com seu belo vestido de noiva, e quis me mostrar a Igreja toda decorada. Falou que preparou durante meses todos os detalhes da cerimônia, com várias provas para o vestido e que, no final tudo, tinha que sair perfeito, como ela idealizara.  Acompanhei-a na sua “viajem” e a observei melhor: era uma jovem de vinte e poucos anos, num vestido de noiva branco e com rendas, com um véu longo, andando numa Igreja longa e vazia (parecia a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia), e lhe pedi que sentasse.

A Noiva disse que, ali, ficava esperando para a cerimônia e que, quando havia algum casamento naquele local, ela ficava observando e desejando que acabasse logo aquele casamento, pois o próximo seria o dela. Mas, os convidados não chegavam e nem o noivo, contudo ela iria esperar lá mesmo.

Perguntei se alguém conversava com ela, e então teve mais um lampejo da sua nova realidade:  eu sei, eu sei, não me conformo, era tão jovem, não poderia morrer no dia do meu casamento, estava tudo planejado, não me conformo! Chorou muito e percebeu como estava cansada, relatando que teve alguns encontros com outras “almas” que diziam para ela que estava morta, mas não se conformava, dizia que era mentira, “tapava os ouvidos” e corria para se esconder em algum local da Igreja até irem embora. Perguntava: “como Deus pode fazer isso comigo?”

Envolvida na vibração de amorosidade tão presente nesta Casa de Caridade, acabou por aquiescer em orarmos juntas para Maria Santíssima, e, modificada sua psicosfera, já começando a aceitar o inevitável, decidiu-se por acompanhar uma freira simpática que ali estava para acolhê-la. No seu gesto de adeus havia tristeza e o início da resignação a tornara mais leve.

Essa história me lembrou de uma personagem também real e que tive a oportunidade de conhecer quando encarnada: “a noiva de roxo”, ou a mulher de roxo.

Era tida como uma “louca”, e perambulava pela rua Chile com seus trajes estranhos e divertidos, vestida de roxo ou de negro e com adereços inusitados (no meu olhar de pré-adolescente), quando ia à esta rua com minha mãe fazer compras na Sloper no idos dos anos sessenta-setenta do século passado! Sei que muitos dos que leem este blog não a alcançaram com vida, mas sua presença marcante a imortalizou como uma personagem do folclore da rua Chile e alhures.

Não sei bem qual o real motivo que a levou a viver em “outra realidade”, no seu mundo de fantasia. Lembro-me de seu olhar, tanto forte quanto perdido, e dos pedidos de minha mãe para não encará-la.

Essas histórias nos levam a reflexões mais profundas, do papel imenso que a revolta tem num processo de alienação mental.

Percebemos na Noiva da Igreja uma pessoa determinada, contudo muito controladora, e que, muito mais importante que o noivo (pouco mencionado na sua história), era ter seu desejo realizado. Como uma criança, cujo brinquedo que mais queria e estava próximo do seu alcance lhe fosse tirado, estava egocentrada.

Não temos um controle absoluto sobre os nossos destinos e a falta de espiritualidade consistente, de religiosidade interior, lúcidas e conscientes, são o amparo para as horas difíceis que a maioria de nós ainda teremos.

Assim, o como enfrentamos as nossas perdas de “controle” é a nossa reflexão maior dessa semana.

 

 

Do  Evanjelho Segundo o Espiritismo , vamos rever o Capítulo V:

Motivos de resignação

12. Por estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, como prelúdio da cura.

13. O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena. Tanto mais sofre ele, quanto mais longa se lhe afigura a duração do sofrimento. Ora, aquele que a encara pelo prisma da vida espiritual apanha, num golpe de vista, a vida corpórea. Ele a vê como um ponto no infinito, compreende-lhe a curteza e reconhece que esse penoso momento terá presto passado. A certeza de um próximo futuro mais ditoso o sustenta e anima e, longe de se queixar, agradece ao Céu as dores que o fazem avançar. Contrariamente, para aquele que apenas vê a vida corpórea, interminável lhe parece esta, e a dor o oprime com todo o seu peso. Daquela maneira de considerar a vida, resulta ser diminuída a importância das coisas deste mundo, e sentir-se compelido o homem a moderar seus desejos, a contentar-se com a sua posição, sem invejar a dos outros, a receber atenuada a impressão dos reveses e das decepções que experimente. Dai tira ele uma calma e uma resignação tão úteis à saúde do corpo quanto à da alma, ao passo que, com a inveja, o ciúme e a ambição, voluntariamente se condena à tortura e aumenta as misérias e as angústias da sua curta existência.

 

 

MUITA PAZ PARA TODOS NÓS.

 

Francesca Freitas

12/10/2010

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