VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (17)
A vivência mediúnica desta quinta reflete sobre o perispírito e o reflexo de nossos atos e pensamentos sobre ele.
Levemos o conhecimento para o nosso coração.
VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (17)
Vamos hoje tecer alguns comentários sobre o perispírito. Esse termo cunhado por Kardec, refere-se ao envoltório (peri) do espírito, composto por matéria mais sutil que a nossa.
O conceito de matéria quintessensiada, sutil, já conhecido há muito tempo, exprime, na realidade, não apenas uma matéria e sim inúmeros materiais-elementos-partículas por nós ainda a serem desveladas.
O perispírito acompanha nossa trajetória evolutiva, desde a criação do espírito que para manifestar-se recebe esse “corpo”, permanece com ele tanto na jornada encarnatória quanto na erraticidade, é pois o chamado elo inter-existencial, até nosso encontro com o Divino, com o sagrado mistério.
Como somos criados simples e ignorantes, e através de vivências e escolhas vamos evoluindo, tanto o espírito evolui quanto o perispírito se transforma.
Muito temos a aprender, inclusive na interação corpo-mente do encarnado, pois mesmo já tendo o conhecimento de distúrbios psico-somáticos e da química cerebral, não temos uma chave “ampliadora de consciência” nem um “botão volitivo”.
São os conflitos de culpa, do querer-desejar, de poder ou não fazer isto ou aquilo, que, gerando atritos, levam a uma resolução gradual ou à uma patologia bem delineada.
A experiência individual e seu nível de consciência em transformação podem tanto ser facilitadores desse processo, quanto delinearem um encarceramento com a permanência na resistência, na revolta ou a culpa.
Fazendo uma analogia com o nosso corpo físico e nossa mente emocional, sabemos que um paciente muito deprimido descuida-se da sua aparência, afasta-se do convívio social, pode ter transtorno alimentar e passar até mesmo dias sem cuidados higiênicos. Já vi pessoas que, após saírem de um processo depressivo, pareciam literalmente “outra pessoa”.
Se o corpo físico se transforma tanto, imaginem o perispírito que tem uma enorme plasticidade.
No caso do paciente citado na semana passada, acorrentado e animalizado, percebemos esse processo: houve um fato gerador de culpa, aceitou uma punição que levou à extremos, passando muitos anos, talvez séculos, nesse processo. Possivelmente esteve num local com outros prisioneiros, submetido aos pseudo-justiceiros, contudo quando foi atendido estava só, demonstrando seu maior verdugo: sua consciência.
Vivendo nesse “mundo de dor” e de realidade distorcida, plasmou no seu perispírito modificações, o animal interior estava exteriorizado.
Mas ninguém é abandonado pela misericórdia divina, e possivelmente no âmago de sua consciência uma intuição de já ter cumprido sua pena, possibilitou o auxílio.
O chamado à responsabilidade difere dessa culpa calcada em pena-sofrimento imobilizadora, pois o Universo quer transformação, trabalho, movimento, reconstrução.
Para maior esclarecimento segue pequeno trecho do Livro dos Médiuns, capítulo VIII- Laboratório do Mundo Invisível:
- A matéria inerte poderia se desdobrar? Haveria no mundo invisível uma matéria essencial capaz de tomar a forma dos objetos que vemos?
“As coisas não são bem assim; o Espírito tem, sobre os elementos materiais espalhados por todo o espaço, em vossa atmosfera, um poder que estais longe de suspeitar. Ele pode, de acordo com sua vontade,concentrar esses elementos e lhes dar a forma aparente que quiser.”
Comentários de Kardec:
Sabemos que a vontade desempenha em todos os fenômenos do magnetismo um papel fundamental; mas como explicar a ação material de um agente tão sutil?
A vontade não é um ser nem uma substância qualquer; não é nem mesmo uma propriedade da mais etérea matéria. A vontade é o atributo essencial do Espírito, ou seja, do ser pensante. Com a ajuda dessa alavanca, ele age sobre a matéria elementar e, por uma ação consecutiva, reage sobre seus compostos, cujas propriedades íntimas são então transformadas.
A vontade é atributo do Espírito tanto do encarnado quanto do desencarnado; daí vem o poder do magnetizador, poder que sabemos estar na razão direta da força de vontade.
Encerro hoje relembrando o livro Libertação de André Luiz, psicografado por Chico Xavier para onde é descrito um caso de licantropia.
O obsessor desencarnado, após encontrar e estudar a sua vítima, sabe da sua fragilidade sustentada por um complexo de culpa, e passa a acusá-la cruelmente, e conclui: " - A sentença está lavrada por si mesma! Não passa de uma loba, de uma loba, de uma loba... ". E assim, induzida hipnoticamente, sua própria mente vai comanda a metamorfose de seu perispírito que, aos poucos e gradativamente se modifica, assumindo por fim, a figura de uma loba.
Importante observar que não foi o obsessor que diretamente transformou a sua figura humana, em loba e sim ela mesma, ao aceitar a sugestão mental que partiu dele.
Por isso, é bom lembrar: ORAR e VIGIAR.
Uma semana maravilhosa para todos nós, com Muita Paz.
Francesca.
18/11/2010