VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (7)
Nesta quinta, damos continuidade ao estudo das nobres verdades trazidas por Buda, compreendendo o real significado de um guia no caminho a ser percorrido por cada um em nossas vidas.
Como reflexão, ainda trazemos um texto que nos permite distinguir a "preocupação com a felicidade" da "ocupação com a felicidade".
VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (7)
Vamos continuar hoje com o “caminho do meio”, que não é uma estrada única, e sim um caminho personalíssimo. Vários Mestres nos falaram do seu caminho, das suas jornadas individuais, do despertamento da consciência até atingirem uma consciência iluminada, plena.
A experiência de todos eles nos enriquecem, contudo esse trabalho ainda é o do Mestre, a experiência dele, do outro. Até que esse mestre esteja desperto em nós, o caminho é individual e único.
Há um relato no qual o Buda nega ser alguma forma de ser sobrenatural:
"Brâmane, assim como uma flor de lótus azul, vermelha ou branca nasce nas águas, cresce e mantém-se sobre as águas intocada por elas; eu também, que nasci no mundo e nele cresci, transcendi o mundo e vivo intocado por este. Lembre-se de mim como aquele que é desperto."
Assim Buda reafirmava a característica transcendente da sua vivência-existência, e, através do seu relato, nos indica, como um guia, “possibilidades” facilitadoras para os caminhos pessoais de libertação.
Podemos observar que a finalidade de um “guia”, nos vários sentidos, desde um guia turístico até um guia-manual tecnológico, não é, senão, a de nos indicar, através de procedimentos, um modo de operar, tanto uma viajem quanto um aparelho, para que ele funcione adequadamente, ou com o mínimo de dano possível........... Mas, quem vai viajar ou trilhar o caminho, mesmo segurando um manual ou um Guia na mão somos nós, pois o Guia nos orienta, mas a escolha e a passada, são nossas.
Cada um de nós no seu ritmo, na sua estrada, sempre com a companhia de Guias, desde que estejamos atentos a presença deles.
O “Caminho do Meio” é apenas um exemplo, um guia para os seres que devem trilhar o caminho por si próprio.
Seguem aqui as 8 nobres verdades para que possamos refletir sobre nossas atitudes e posturas diante dos nossos caminhos-escolhas:
- Compreenssão correta: conhecer as Quatro Nobres Verdades de maneira a entender as coisas como elas realmente são.
- Pensamento correto: desenvolver a bondade amorosa, não ser egoísta.
- Fala correta: falar a verdade, ter uma fala construtiva, harmoniosa, conciliadora.
- Ação correta: promover a vida, praticar a generosidade.
- Meio de vida correto: compreender e respeitar o próprio corpo, olhar os outros com amor, compaixão, alegria e equanimidade.
- Atenção correta: praticar autodisciplina para obter a quietude e atenção da mente.
- Sabedoria correta: desenvolver completa consciência de todas as ações do corpo, fala e mente para evitar atos insanos, através da contemplação da natureza verdadeira de todas as coisas.
- Visão correta: ter uma visão correta em relação ao mundo e à vida, e agindo de acordo com essa visão.
Lembremos do apóstolo Paulo que ao expandir sua consciência disse:
"Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim" (GI 2,20). Naquele momento sua consciência aproximou-se da consciência crística, do Iluminado, do Amor.
Paulo percorreu o seu caminho e fez suas escolhas:
“Todas as coisas me são lícitas; mas nem todas me convém”.
Todos nós, encarnados ou não, espíritos nas suas jornadas-caminhos, buscamos essencialmente o mesmo: o amor, a paz e a felicidade. Que minhas aspirações sejam realizadas em todos vocês.
Encerro essa semana com esse texto de Jean-Yves Leloup:
A Via do Bem-Aventurado
Todos os seres procuram a felicidade, “até mesmo aquele que vai se enforcar”, dizia Pascal. A felicidade é o “Bem soberano” (aquilo que procuramos apenas por ela mesma) dizem os filósofos; cada grande tradição espiritual é um convite à “Vida Bem-Aventurada”...
O que importa é conhecer o que pode tornar o ser humano “realmente” feliz e interrogar todos “os bem-aventurados” que a nossa humanidade conheceu, assim como os ensinamentos e as práticas que eles nos transmitiram: Krishna e sua Bhagavdad Gita (o canto do bem-aventurado), Buda e seu óctuplo caminho, Moisés e seus dez “exercícios”, Yeshouq e suas oito beatitudes... e outros ainda que gostariam de nos despertar, não à uma felicidade oculta aqui ou lá (no oriente e no ocidente, em Jerusalém, neste templo, nesta gruta ou sobre essa montanha...), mas a uma Presença, a própria Presença do Bem-Aventurado que só pede para nascer (para ser) em cada um de nós.
Não é uma via simples ou fácil, mas ela também não é uma via árdua ou complexa - é uma via, uma vida “paradoxal”. Assim como o verdadeiro filósofo zomba da filosofia, o bem-aventurado não se preocupa em ser feliz, ele está ocupado demais com o amor ou a compaixão...
Francesca Freitas
01-09-10