VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (30)

03/03/2011 18:07

 

Na Bahia, estamos na Quinta-feira de carnaval (acreditem, existe quinta-feira de carnaval). Momento propício para tratarmos, na nossa Vivência Mediúnica, das implicações que envolvem este período de festas. Sua origem, sua evolução, seus conteúdos, são alguns temas abordados no texto de hoje.

Esperamos que todos gostem e tenham um carnaval repleto de equilíbrio.

 

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (30)

 

 

Vamos comentar hoje sobre o “Carnaval”, tema que enseja a opiniões e comportamentos variados e controversos.

Não é preciso me furtar do assunto ou da festa em si mesma por ser espírita, já que a doutrina espírita trata dos assuntos humanos, das relações entre nós encarnados e desencarnados.

 

Uma perspectiva histórica pode nos auxiliar a melhor contextualizar o carnaval, herança de milhares de anos de festejos pagãos. 

Há relatos de festejos com bebida alcoólica, dança e música, com um caráter de comportamento permissivo e sensual desde o antigo Egito, sendo mais conhecidos os festejos dos gregos e dos romanos, e em todos havia uma associação com deuses e deusas diversos.

 

Outra possível origem se encontra nos festivais religiosos primitivos dos povos europeus de origem não greco-romana, nos pagãos, que homenageavam o início do ano novo, da primavera e das colheitas.

Comemoravam a vida, o alimento e a bebida, frutos da terra.

 

Com o convívio dos povos, seus costumes foram se misturando e na idade média passa a constar do calendário cristão com o nome de "carnivale” ou “prazeres da carne", numa clara medida disciplinadora da igreja, que queria cancelar as “saturnálias” sem desagradar aos seus fiéis. Então, no fim do século VI, ficou decidido que os 40 dias antes da Páscoa deveriam ser guardados apenas para orações e jejuns, Quaresma, e o Carnaval celebrado antes do início desse período. É por isso que é uma festa móvel.

 

Os portugueses comemoravam esta festa, que trazida ao nosso país tão miscigenado e diverso, passou a ter um caráter mais abrangente. As brincadeiras e as fantasias, as inversões de papéis com certa catarse e olhar satírico, pois que um escravo poderia sair vestido de rei, tomaram uma proporção social e econômica muito grande, hoje se fala na indústria do carnaval.

 

Enquanto muitos brincam e se deleitam na festa, outros trabalham para colherem melhores recursos com o seu suor nesses dias. Se fosse apenas assim, seria bom, com um convívio num ambiente de alegria, explosão de cores, comemorando a vida, abrigando o exótico, ou o excluído socialmente.

Ocorre que muitos pensam que esta é uma festa da permissividade, em que a liberdade individual exclua o direito do outro, ou a responsabilidade pessoal fique reduzida, o que é um ledo engano.

 

Como Kardec já nos informou, há espíritos por todos os locais e com as mais diversas intenções, desencarnados convivendo com encarnados, e muitos destes aproveitam-se de más-inclinações, da “baixa de guarda” nesse período, que ilude muitos, como se as Leis Divinas tirassem férias nessa ocasião.

 

O Carnaval nada mais é que uma festa, observando que  nosso comportamento será ditado nossa consciência.

A participação pessoal e as ações individuais são muito variadas, pois que ditadas por motivações distintas. Portanto, não é vetado a um espírita ir a uma festa, e sim recomendado pelos nossos “Irmãos Maiores”  uma conduta equilibrada, baseada no respeito ao próximo, com  bom-senso. 

A evolução social só ocorre com a evolução moral, com o controle dos instintos antigos, com a renovação de hábitos e costumes, com  uma consciência ética mais abrangente e esta preserva a alegria.

Não é mais preciso esperar todo um ano para  "soltar" essa suposta alegria ou suposta liberdade, já não estamos mais na idade média.

 

Na semana passada, um espírito amigo relatou dos preparativos feitos por uma das equipes socorristas da casa, com muito trabalho e solicitando oração e vigilância nesse período.

 

E encerro hoje com essa mensagem de Emmanuel para refletirmos.

 

" Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências, nas festas carnavalescas.

 

É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização.

 

Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas  almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.

 

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.

 

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.

Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem?

 

Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

 

É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloqüente atestado de sua miséria moral."

 

Emmanuel

Psicografado porFrancisco Cândido Xavier em Julho de 1939.

(Encartado também na Revista Internacional de Espiritismo,exemplar de Janeiro de 2001 pág 565 e 566, Editora O Clarim)

 

Muita PAZ para todos nós,

Francesca Freitas

02-03-2011

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