VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (31)

10/03/2011 10:07

A vivência mediúnica desta semana do Blog Momento de Luz traz a história de uma senhora que pautou a sua vida em cumprir as expectativas alheias, cumprir seu “dever” com os outros, esquecendo, de forma muito triste, o dever que todos temos para com o nosso SER.

O relato propõe uma reflexão dos papeis que desempenhamos em nossas vidas e uma maior atenção ao divino em nós, a nossa essência, as nossas aspirações internas, ao amor que pulsa e alimenta o nosso corpo.

Um ótimo resto de semana a todos.

 

 

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (31)

 

 

 

Adentramos no mês de Março, e, devido às peculiaridades regionais, o ritmo de trabalho ou o calendário acadêmico, interrompidos, tomam um novo fluxo com a sensação de que o ano realmente começa agora para uma grande maioria. Após o descanso merecido, é necessário retomar as atividades com o foco nos objetivos delineados.

 

Vou historiar um atendimento na nossa mediúnica que evidencia a falta de um objetivo maior, pessoal e único para cada ser, demonstrando que o vazio existencial transpõe as barreiras da matéria.

 

Após vibrar com uma determinada ficha, a médium ficou com uma expressão de desânimo, com uma relativa tristeza, porém calma. Na minha tela mental observei uma senhora triste no canto de uma sala, com a cabeça baixa e, após alguma insistência, manteve um diálogo.

Aparentava cerca de sessenta e poucos anos, reservada e com uma certa distinção nos modos.

Dizia: - “deixe-me aqui, no canto, não incomodo ninguém, estou conformada. Já fiz a minha parte, criei bem meus filhos dentro dos recursos que tinha, já estão encaminhados. Dois deles estão formados”.

 

Perguntei-lhe sobre ela mesma, e insistiu, “criei meus filhos, fui uma boa filha e como esposa, respeitei ao meu marido. Fiz tudo que esperavam de mim, portanto, me deixe aqui na minha casa, quieta. Estou conformada com o meu destino. Meu trabalho terminou, ninguém precisa mais de mim”.

 

Observei a indiferença, como que destituída de vontade e de aspirações, e, após passes magnéticos dos mentores e de pedir que respirasse e observasse sua respiração, disse se sentir mais desperta e perguntou porque estava ali, naquele local, com tantas pessoas.

Fui informando acerca da nossa Instituição, da casa de Caridade, ao que retrucou: não preciso ser recolhida para nenhum local, pois tenho a minha casa. Percebi que respondia assim pela rígida educação recebida.

 

Fui orientada a lhe perguntar sobre sua infância, e aí ela esboçou o primeiro sorriso ao lembrar-se do piano. Aos poucos, recordou-se de como gostava de tocar ao velho piano da casa materna e visualizei-a como uma menina de vestido longo azul claro, com um laço na cabeça a dedilhar feliz o instrumento. Nessa época, gostava muito de música clássica e de outras obras mais populares, sonhava, um dia, estudar mais e tocar num recital para muitas pessoas.

 

Relatou que teve que se casar cedo, e “aceitou de bom grado o marido que o destino lhe enviou”. Afirmou que teve, rapidamente, filhos, que a mantiveram ocupada ao longo dos anos.

Observei que não havia nenhum laço emocional maior com a família encarnada, e que ali estava por não haver outra opção. Conformou-se com o que achava ser a sua missão nesta encarnação, e, após seu término, restou um vácuo emocional e motivacional. Relembrando o belo texto de ontem no blog, ela estava no deserto árido da falta de propósito.

 

Após envolvê-la em vibrações amorosas, visualizou uma das religiosas (desencarnada) da nossa instituição. Observei que, na conversa entre ambas, foi dito que, ali, havia uma escola e que poderia tocar piano para as crianças. Logo percebi a mudança no seu semblante, mais vivaz e como se os seus olhos adquirissem brilho.

Mesmo relutante no princípio, a possibilidade de ter uma atividade que gostava muito, e que seria importante ou necessária, tornou-a disposta a tentar.

 

Esta senhora “viveu” dentro das expectativas alheias, isto é, do que pensava que os outros esperavam dela, cumprindo os papéis apresentados como deveres, pois que seus anseios ou expectativas interiores, foram abafados na juventude, acomodando-se.

 

Não reconheceu o Amor dentro de suas possibilidades mais amplas, pois relacionava o afeto à questão de precisarem dela, o que muitas vezes ouço, tanto de encarnados quanto desencarnados, o famoso ”não precisam mais de mim”.  E é preciso ser necessário ou indispensável a alguém para ser amado?

 

Neste contexto, a senhora desta história, com a tarefa cumprida e indiferente ao seu destino, que não controlava, ficou imóvel numa solidão desértica e triste, destituída de esperança. Parece ter ficado nessa imobilidade, destituída de sonhos e aspirações por muito tempo.

 

A falta de uma religiosidade interior, à despeito de frequentar a igreja eventualmente, revela uma desconexão com o divino em nós.

Todos, individualmente somos muito mais que tarefas e funções, papéis sociais efêmeros da alma imortal que sempre aprende na jornada.

 

Essa história nos ensina e nos adverte acerca da importância das aspirações individuais evolutivas, da conexão com o AMOR.

 

Boa semana e muita PAZ para todos nós.

 

Francesca Freitas

10-03-2011

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