VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (35)

07/04/2011 06:58

A vivência mediúnica desta semana relata a história de pessoas que se agarraram ao passado por diversos motivos. Ódio, culpa, desejo de uma vida que já não existe mais. Não importa o motivo, o presente, como o nome indica, é a maior benção que podemos ter para trabalhar no desenvolvimento do nosso ser.

Histórias como a relatada hoje, apenas indicam que o determina o nosso caminhar é a nossa consciência, e quanto mais livre esta se encontra, mais nosso, mais próprio será o caminho.

 

Um belíssimo dia a todos.

 

 

 

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (35)

 

 

Continuaremos hoje a história da semana passada, do companheiro vestido de revolta, procurando compreender os motivos da alma adoecida no ódio.

Muitas vezes, fico curiosa procurando entender o que se passou com determinado espírito, mas durante o processo de atendimento não é possível dar vazão à todos os questionamentos, pois, no tempo programado para as tarefas mediúnicas , há muito o que fazer.

Como sei que essa curiosidade é frequente em muitos trabalhadores, faço um paralelo com um atendimento feito pela SAMU: ao aproximar-se do doente, a equipe de paramédicos prontifica-se nas medidas de manutenção da vida, verificando os dados vitais e procurando estabilizá-los da melhor maneira possível para que este seja encaminhado a outro centro maior, já mais equilibrado, com a maior brevidade.

Muitos atendimentos espirituais são análogos à estas situações de resgate e estabilização temporária inicial do paciente, que no hospital espiritual irá receber o tratamento adequado para o seu caso.

Não há tempo a perder, as perguntas são as mais objetivas possíveis e direcionadas. Portanto, não é este o momento de questionar detalhes fora do contexto maior.  Além disto, há muitos outros chamados à espera e a equipe   (médium e doutrinador) deve recompor-se para, de prontidão, “orando e vigiando”, atender à outro irmão. 

Muitas informações obtidas durante o atendimento não ficam registradas na consciência  alerta, e podem ser resgatadas em meditação ou durante o desdobramento do sono, junto a outros esclarecimentos fornecidos pelos nossos mentores e outros trabalhadores espirituais, bastando, para isso, a nossa solicitação  e disposição sincera.

Pois bem, foi neste estado de indagação que retornei à casa e, na noite, fui melhor esclarecida, despertando no dia seguinte com a lembrança viva de trechos importantes na história do irmão desgarrado.

Vamos para a nossa história.

 

Uma família vivia em um vilarejo próximo à uma aldeia maior que circundava um castelo, no século VII ou VIII na Europa. O irmão era ferreiro e estava na sua “oficina” trabalhando, quando ouviu um barulho de muitos cavalos em cavalgada e dirigiu-se ao portão para saber o que estava ocorrendo.

Sua esposa estava há cerca de uns cem metros de onde ele estava, pois havia ido pegar água num poço que ficava próximo à entrada do vilarejo.  Estava com duas crianças, uma maiorzinha com 5 ou 6 anos, que estava brincando próxima, com uma varinha de madeira riscando o chão de terra, e a outra  com 2 ou 3 anos, que divertia-se em agarrar a sua saia comprida. Esta mãe estava puxando a corda com um balde de madeira quando ouviu a cavalgada e os gritos agressivos de uma turba de “soldados”, que pareciam bestas hipnotizadas, derrubando tudo que encontrava e com espadas em punho.    O ferreiro, ao perceber que o vilarejo era invadido, pegou um pedaço de ferro e correu para o encontro da esposa que acolheu o filho pequeno no colo. Viu seu filho maior ser transpassado por uma espada e, desesperado, corria e gritava, contudo não conseguiu alcançar a esposa antes do agressor, que praticamente a decapitou. O pequeno foi pisoteado e, na confusão de pessoas correndo e lutando, conseguiu se aproximar e ver com mais detalhes as dantescas imagens. Desesperado lutou com sua barra de ferro jurando vingança até ser morto.

Sua extrema indignação era justificada, e as imagens horripilantes da família destroçada ficaram, literalmente, gravadas no seu espírito. Nesse estado de desequilíbrio e dor, chegou ao mundo espiritual, revoltado e sentindo-se culpado por não ter sido capaz de proteger a sua família. Entrou num processo de “loucura”, rompendo com a realidade nos muitos anos em que vagueava perdido nos umbrais, sem perceber a presença luminosa dos seus amigos espirituais. Estava na revolta, inclusive contra qualquer concepção de Deus, pois repetia: “se havia alguma divindade na natureza, porque permitir tanta barbaridade?”

Quando organizou um pouco mais seus pensamentos, tornou a vingança seu propósito.  Daí, elaborou as frases repetidas, num  processo de auto hipnose, para não perder o “foco” da vingança. Outros espíritos de organizações ignorantes tentaram recrutá-lo, porém não conseguiram, pois estava determinado a realizar sua vingança sozinho.

Passei então a observar que na turba dos agressores havia um bem jovem, adolescente, filho do “nobre” que queria derrubar o rei que morava no castelo próximo do vilarejo, participando daquela barbárie. Seguia o seu pai, dirigente daquele grupo, repetia os gritos de guerra hipnotizantes e na fúria da energia densa e contaminante, sentia no seu íntimo que era errado matar mulheres e crianças, ambos indefesos. Ainda assim, não teve forças para argumentar com a autoridade nefasta. Muitos séculos e encarnações se passaram e ele estava agora encarnado com um pai tirano e desequilibrado, tomado por uma tristeza indefinida, que lhe disseram ser depressão. O ferreiro havia localizado essa família pela sintonia vibratória da culpa do filho e da arrogância e prepotência do pai, que agora vivia numa situação de quase penúria material.

Percebi que esse adulto jovem esteve na Cacef buscando um auxílio para sua família desequilibrada, principalmente pela figura opressiva do pai atormentado pela sua condição de destronado ou destituído de antigos poderes terrenos, e também pelo espírito do ferreiro que o envolvia em vibração de revolta e ódio.

Senti ao despertar que uma fresta de luz adentrava aquele lar dos encarnados, embalada pela prece sincera do filho, que movimentou seu espírito para a compreensão de leis maiores.

 

Aprendi muito com esse atendimento, que compartilho com vocês leitores e companheiros de jornada evolutiva e que gerou outras indagações e reflexões, que seguirão nas próximas vivências.

 

Encerro hoje com uma frase de Santo Agostinho:

 

"Que é, pois, a misericórdia, senão a compaixão em nosso coração da desgraça alheia, pela qual, se podemos, somos compelidos a socorrer?"

 

Boa semana e Muita PAZ para todos nós.

Francesca Freitas

07-03-2011

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