VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (36)
A vivência mediúnica desta quinta coloca o seu olhar sobre o sofrimento. Fazendo uma reflexão sobre histórias anteriores e refletindo sobre o acontecimento em Realengo-RJ, o relato desta semana busca indicar uma base para que nos apoiemos nestes momentos.
Não percamos a oportunidade de buscarmos lucidez na nossa espiritualidade interior.
Um ótimo dia a todos.
VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (36)
Vamos comentar hoje sobre algumas encruzilhadas emocionais; inicialmente ao observar um paralelo nos dois últimos depoimentos relatados em recentes vivências mediúnicas, na 31 a história de uma senhora melancólica e destituída de propósitos, e na 34 a história de um espírito imbuído num firme objetivo de vingança.
Posteriormente neste texto comento sobre a dor aguda que "vem sem escolhas" aparentes.
Em ambos os casos indicados, o problema está no propósito como sentido de vida, pois que além de necessário, é preciso que seja eticamente correto, portanto bom e evolutivo.
Nos degraus da espiritualidade interior, da conexão com o Divino em nós, encontramos o auxílio para desvelar a meta correta para nossa vida, composta, na realidade, de várias missões e aprendizados diversos e sucessivos.
Há uma simbologia vasta em nosso consciente-inconsciente com inúmeras representações figuradas, desde escadas e pirâmides à espirais evolutivos, num crescendo verticalizado.
Mas, não temos o controle de todos os acontecimentos, nem uma consciência plena de quem somos ainda, e as surpresas ocorrem a todo instante, pois no degrau em que um ser se encontra, há toda uma dimensão horizontal que desconhece, com inter-relações complexas.
Um fato novo e traumático pode desencadear a antigos atavismos ou gerar respostas melhor adaptadas e criativas. Cada situação é impar e peculiar a cada espírito, que a absorve como pode, digere e reage no seu patamar evolutivo.
O sofrimento de uma grande perda emocional, como no caso do pai que viu a família ser dizimada, e sua obstinação mal direcionada são vividos hoje. As armas mudaram, de espadas para balas e bombas, mas a violência infelizmente continua.
O acontecimento recente na escola do Rio de Janeiro é um exemplo de mais uma tragédia abatendo-se por muitas famílias.
Muitos se perguntam porque ou para que isso acontece, e será que esse momento de dor inicial é o adequado à reflexões mais profundas, será que realmente conhecemos toda a história ou o que vemos é apenas uma parte de uma história muito mais longa e complexa?
Muitas vivências e aprendizados, além de alguns anos de terapia, me permitem dizer confortavelmente: - não sei, não estou curiosa para saber quem pagou ou quanto devia!
Permito-me apenas compartilhar com vocês, as minhas reflexões pessoais, alguns questionamentos e solidarizar-me com todos os envolvidos.
Quantos espíritos encarnados ou não tem a possibilidade de tornarem-se cruéis, vingadores?
Quando um sofrimento e indignação legítima se transformam num transtorno psíquico?
Sabemos da necessidade do luto, da passagem do pesar, e que o “tempo” geralmente auxilia à diluição, resignificando o sofrimento.
Cito essa oportuna frase:
“ A dor é suportável quando conseguimos acreditar que ela terá um fim e não quando fingimos que ela não existe.” Allá Bozarth-Campbell
Nessa hora extrema, na encruzilhada da dor aguda, é a espiritualidade interior a fundação sobre qual o ser é amparado, pois que, na sua ausência, desmorona.
Faço uma analogia com alguém com uma intensa dor de dente, que tira o sossego e o raciocínio, sendo a medida mais correta a analgesia rápida, para que depois de aliviado, possa tratar do problema que gerou a dor.
É a fé clara e lúcida que fortalece o ser, e nos coloca no nosso lugar de filhos de Deus, ainda no caminho com meandros desconhecidos, mas de que Ele é sabedor.
A compreensão da nossa pequenez no controle total do destino, tanto pessoal quanto dos que amamos mais próximos, é o consolo nos momentos trágicos que muitos de nós, humanos passamos.
Não somos abandonados e a Misericórdia Divina está ao nosso alcance. Ele sabe o que é melhor para todos nós.
Vamos então fazer a nossa parte sendo solidários, de modo construtivo com a emissão de pensamentos amorosos, com a oração, e não com a revolta.
Não nos esqueçamos de que estamos na "grande transição", e que séculos de cultura violenta serão substituídos pela cultura da PAZ.
Encerro hoje com um pequeno-grande texto de Emmanuel:
Muitas vezes exclamas: - Justiça! Justiça!
E afirma-te demasiadamente sofredor, perseguido pelas sombras ou desamparado pela Bênção do Céu!
Lembra-te, porém, de que a corrigenda não exclui a presença do pesar e enquanto a provação trabalha em nossas almas, trazemos conosco os remanescentes da culpa.
Antes do apelo à justiça roga clemência e piedade, de vez que pelo socorro do temporário esquecimento na vida física – brando anestésico de que se utiliza a Compaixão do Senhor para extirpar-nos do espírito as raízes do mal – por muito tempo ignoramos toda a extensão de nossos débitos.
Nos dias da aflição e cinza, não te recolhas à blasfêmia e nem peças por maiores manifestações da justiça, em teu campo de ação, porque a justiça mais ampla poderia agravar-te as dores, mas sim roga o acréscimo da Divina Misericórdia, em teu benefício, a fim de que disponhas de ombros fortes para que não venhas a lançar longe de ti os favores da própria cruz.
Do Livro “Assim Vencerás” Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Muita PAZ para todos nós.
Francesa Freitas
13/04/2011