VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (44)
Hoje o Momento de Luz vai passear por uma emoção humana básica, pelo medo, pois é sabido que o conhecimento que nos esclarece também nos liberta.
Observamos ao longo dos relatos mediúnicos postados neste blog, e em inúmeras obras da literatura espírita, uma grande dificuldade enfrentada por muitos espíritos em relação a conteúdos traumáticos, que persistentes na memória, praticamente se apossam da mente, não deixando espaços livres para outras emoções, para um raciocínio claro.
Os traumas afetivos e emocionais, os medos e a mágoas, estão presentes na memória perispiritual, independentes da condição de encarnado ou desencarnado.
Porque guardamos tais informações?
Esta a questão a ser desenvolvida nesta quinta-feira.
Um ótimo dia de coragem a todos.
VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (44)
O medo é muito importante para nos avisar de um perigo potencial ou já instalado, portanto muito importante para a sobrevivência, e exemplifico: quase todos humanos tem medo de cobras ou animais peçonhentos, e se não guardássemos essa informação, facilmente poderíamos ser expostos ao seu veneno ou toxinas.
No nosso encéfalo há uma estrutura chamada amigdala cerebral, que recebe informações de áreas diversas, principalmente das regiões sensitivas e sensoriais, e funciona como uma espécie de alarme num portão: quando um evento sensorial é muito intenso, ou envolve questões ligadas à sobrevivência, dispara esse alarme e leva essas informações ao hipocampo, que funciona como uma estação de geração ou processamento de memórias. Do hipocampo essas informações e memórias são distribuídas para diversas áreas do encéfalo, chamadas áreas terciárias, e podem ter duração variada, desde curtíssima até de longa duração, sendo que, no último caso, para persistirem, dependem de reforço, exceto nas memórias que chegam muito ativas da amigdala cerebral.
Exemplifico com um evento único que aconteceu na infância, como uma queda de um cavalo, não precisa de reforço. Algumas pessoas depois disso, não conseguem sequer tentar a andar à cavalo, outras tentam e insistem, até tornarem-se exímios cavaleiros, onde as próprias quedas ocorrem ao longo dos treinos e disputas.
Voltando às víboras ou escorpiões, há pessoas que lidam com esses animais sem nenhum medo, pois desenvolveram um aprendizado, uma série de procedimentos que torna seguro o manuseio dos mesmos, o que indica a possibilidade real de enfrentamento ou aprendizado. Graças a essa escolha profissional, é que muitas vacinas e soros antiofídicos são fabricados.
Mas temos muitos outros medos, e a maioria deles é associada a uma experiência negativa de contato com um agente agressor ou desagregador, de uma vivência com o sofrimento e a dor. Essa memória é importante, mas assim como outras memórias, existe para nos permitir o aprendizado.
Para aquisição do conhecimento, fortalecemos as associações com as informações e seus significados, daí a experiência, que passa por vários processos para sedimentar-se.
Quando o indivíduo apenas aceita o sofrimento, sem refletir acerca das origens do trauma, essa memória traumática é trazido à tona sempre que algum acontecimento, palavra ou outro dado presente no curso do evento traumático venha à tona, e acaba por reforçar o conteúdo dolorido.
Enfrentar e resignificar o evento traumático, é um desafio emocional com muito trabalho árduo e reflexivo.
Nós espíritas, temos a certeza da imortalidade da alma, da persistência do espírito, do aprendizado evolutivo constante, portanto o medo básico de destruição do ser, presente nos animais, pode ser substituído pelo o cuidado com a integralidade dos corpos físico e perispiritual.
As reações chamadas de “fuga ou luta”, o correr ou bater, herdadas na nossa filogênese possibilitam ao homem racional outros tipos de reação e aprendizado.
Do “medo” paralisador podemos passar para o “temor” mais racional que avalia as consequências, para a reflexão mantendo o receio, porém admitindo possibilidades e estratégias muito mais amplas de ação, de enfrentamento lúcido ou retirada estratégica.
Muitos de nós, educados para “vencer os medos”, sem compreendê-los, educados para nos lembrar na negatividade, temos muita dificuldade para desvelá-los, reconhecê-los para então resignificá-los.
Após muitos milênios presos às memórias negativas, favorecendo ao aprendizado para evitar repetições, nos esquecemos das muitas memórias maravilhosas de contato com os nossos mentores, das verdadeiras lições dos Mestres, e da utilização da oração como ferramenta disponível para nos auxiliar na resolução das memórias traumáticas.
Vamos nos deixar guiar por Jesus: “O Senhor é o meu pastor, nada me pode faltar”, sendo conduzidos como alunos conscientes do dever que nos chama, e aproveitando sua companhia.
Segue um fragmento de texto de Sai Baba:
"A disciplina espiritual é primordialmente exigida para o controle da mente e dos desejos, atrás dos quais ela corre.
Se vocês acharem que não têm condições de vencer, não desistam da prática espiritual, mas façam-na ainda mais vigorosamente, pois é a matéria em que vocês não conseguiram nota suficiente para passarem que exige um estudo especial, não é?
Disciplina espiritual significa limpeza interna, tanto quanto externa.
Vocês não se sentem refrescados quando usam roupas sujas após o banho, não é? E tampouco se sentem refrescados se usarem roupas limpas, sem tomar banho. Ambos são necessários, o externo e o interno."
MUITA PAZ para todos nós.
Francesca Freitas
08/06/2011