VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (48)

10/07/2011 09:35

A Vivência Mediúnica desta semana nos convida a refletir sobre os castelos que já construímos em nossas vidas. Quais as razões para a sua construção? Se eles nos permite liberdade ou nos aprisionam? Se eles ainda se justificam.

Na primeira parte desta história, esperamos que todos sejam levados ao aposento da reflexão e do autoconhecimento.

Que tenhamos, assim, um dia de muitas descobertas.

 

 

 

 

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (48)

                                 

 

 

Relato hoje a história de uma jovem senhora colhida no trabalho mediúnico semanal.

No início, a médium teve alguma dificuldade em manter uma conexão estável com este espírito, e descrevia apenas as sensações captadas: desconforto, fastio, insatisfação e indignação.

A prece, melhor ferramenta, nos auxiliou a manter um diálogo, que começou com a seguinte frase:

- Que espécie de lugar é este? Não é digno de pessoas da minha estirpe!

 

Percebi que queria sair de onde estava e voltar para o local onde sentia-se segura, e feito isto, nos encontramos numa espécie de torre de pedras de um antigo castelo.

Era um local alto, empoeirado, frio e escurecido, com pequenas frestas-janelas. Ela andava de um lado para outro tentando observar a paisagem sem conseguir, pois haviam muitas nuvens acinzentadas.

 

Perguntou-me como cheguei até sua torre, e sem esperar a resposta disse:

- “Não importa agora, quero lhe mostrar como fui poderosa, aliás, ainda sou. Lá embaixo há um vale e todas essas terras são minhas por direito, são verdes e férteis”.

E, apontando para outro lado, falou, de um modo solene e com a prepotência que ainda lhe restava:

- Aqui está o fosso e o precipício, e a maior abertura está para este lado, mas se eles querem que eu me jogue daqui, não irei lhes dar esse gosto.

Meu vestido está velho e rasgado, e já faz muito tempo que nenhum servo me traz comida (olhava para uma porta de madeira e ferro).

Eles querem me matar de fome, mas eu não vou morrer.

Mas tenho que me pentear e continuar linda, pois quando vierem me tirar daqui devo estar pronta.

 

Sentada numa velha cadeira, enrolava seus longos cabelos com os dedos, se distanciando ainda mais da realidade, lembrando-se da infância rica de privilégios, brincando num pequeno jardim com os serviçais, nas poucas horas de liberdade que tinha.

 

Percebí que ficou sonolenta e perguntei-lhe o porquê dessa criação:

- Fui preparada para casar-me com um nobre, e meu pai não teve mais filhos; era sempre vigiada e tinha que fazer várias tarefas, dentre elas, aprender a língua dos antigos para ler os poucos livros e mapas guardados no castelo.

 

Segue o relato dizendo que, no início, detestava estar ali, na sala dos livros, com o velho instrutor-escriba contratado pelo pai, mas ao longo do tempo desenvolveu a habilidade de desenhar e copiar os antigos manuscritos.

Foi rememorando os desenhos que fazia. Belas flores e arabescos muito elaborados, que enfeitavam as laterais dos pergaminhos.

Daí, ela foi relembrando a mistura de pigmentos que faziam para obter cores, os potes em que armazenavam as tintas, os óleos e a sala com as grandes mesas.

Ao tempo em que falava e retornava mentalmente ao local, mostrava os desenhos com detalhes magníficos e percebi que, novamente, ficou sonolenta.

 

Estas eram as duas mais fortes e agradáveis lembranças que tinha, e lhe permitiam entrar na fantasia do “tempo passado”, no quando e onde se sentia segura; memórias que foram reforçadas e revividas ao longo de alguns séculos após seu desencarne.

O local, que existiu realmente, passou a existir como criação mental, e essas lembranças eram o seu refúgio para a passagem do tempo e a solidão enclausurada.

 

Perguntei-lhe porque estava presa na torre, e ela explicou que o pai foi defender mais terras com o pretendente, pois juntos teriam mais territórios, e daí houve guerra e traição.

- Me disseram que eles não voltam mais, mas não acredito. Todos vão sofrer as consequências quando voltarem e me tiraram daqui!

 

Daí encheu-se de orgulho ao lembrar-se que as pessoas se curvavam diante dela, e, evidenciando mágoa, deseja uma espécie de vingança e reparação contra a suposta injustiça cometida contra ela.

 

Percebi que estava cansada, contudo bem mais calma, com o ambiente mais claro e de atmosfera menos carregada.

Mostrei numa das pequenas aberturas a entrada de raios de sol e ela ficou contente.

Já estava familiarizada comigo, e aceitou beber de uma pequenina jarra com água que lhe trouxe, disse-lhe que retornaria para vê-la depois do seu descanso, num outro dia e despedi-me.

Nesta hora, observei ao seu lado a presença materna, não sei se desta encarnação, a velar-lhe o sono amorosamente.

Alcançada pela Misericórdia divina, que está em toda a parte, aquela alma solitária e confinada num “castelo” conseguiu uma conexão com o outro.

 

Caros leitores, vocês devem ter percebido que esta história vai ter uma continuação na próxima semana.

Peço que reflitam sobre a mesma, observando as questões históricas, sociais e pessoais envolvidas, principalmente porque os “castelos”  são muitos e com significados diversos.

 

Muita PAZ para todos nós.

Francesca Freitas

07-07-2011

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