VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (63)
Na Vivência Mediúnica temos uma análise de toda história, já contada, de Miguelito.
Nela, temos a certeza de que, em que pese a presença em nós de algum complexo de culpa para trazer à luz, todos nós temos, nas “sombras” ou não, a semente divina e o impulso evolucionário que precisa ser revelado.
Percebemos o significado do livro como instrumento de aprendizado ímpar, não apenas como conteúdo informativo, mas principalmente como via de acesso a um tipo de educação moral e espiritual.
E tivemos a certeza de que “é preciso ver o passado para se fazer uma ideia justa do presente”. Não esquecendo que as “areias do tempo” dissipam as nuvens e tudo muda, nada fica parado.
Que tenhamos a convicção de que A Misericórdia Divina alcança a todos.
VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (63)
Partilho, hoje, com vocês comentários e reflexões sobre as histórias encarnatórias de Miguelito. Algumas das perguntas que fiz foram respondidas ao longo das histórias seguintes e, consequentemente, outras surgiram.
Relembro do nosso primeiro encontro e das suas palavras, relatadas na Vivência Mediúnica 59, quando como traficante de escravos era perseguido em área umbralina densa:
- “Ora, naquele tempo, todo mundo fazia isto. Muitos tinham escravos e os vendiam. Era assim para sobreviver. Você não sabe de nada, eu fazia o que era certo para mim. Todo mundo disciplinava assim, aprendi a sobreviver daquele jeito.”
Nessa fala, percebe-se a tentativa de justificar sua atividade, principalmente na afirmação que muitos faziam o mesmo, como se um erro sempre justificasse o outro, que nesse caso em particular, é a prática antiga e normótica da escravidão. Havia um conflito escamoteado, um núcleo de “culpa” presente que desejava emergir, e daí se exprime com uma postura de defesa quase agressiva.
Por quê estava naquele local onde se sentia perseguido, com confrontos frequentes e há tanto tempo?
Mas se a grande maioria de nós tem algum complexo de culpa para trazer à luz, todos nós temos, nas “sombras” ou não, a semente divina e o impulso evolucionário que precisa ser revelado. E é esse impulso, de Ser Luz, que permite o acesso a esse espírito carente de compreensão, que se identifica com a Luz das palavras do Mestre, abrindo-lhe possibilidades outras de aprendizado.
No relato seguinte, aprendi sobre o significado do livro como instrumento de aprendizado ímpar, não apenas como conteúdo informativo, mas principalmente como via de acesso a um tipo de educação moral e espiritual.
Os textos sagrados, como o Evangelho de Jesus, proporcionam a rica experiência da leitura que o aprendiz precisa ter ao longo do seu processo educativo, pessoal e única para cada um, que é a oportunidade de interpretar o texto com seu próprio repertório pessoal, e de revê-lo ao longo do tempo, observadas mais nuances, já mais rico de recursos e vivências.
O acesso às palavras de Jesus, que vivia o que pregava, Homem íntegro, foi muito importante para este espírito, assim como ainda é para todos nós.
A determinação, a dedicação e a valorização das Verdades Eternas, são do domínio do Espírito, portanto pessoais e sujeitas ao livre arbítrio de cada um.
Na semana seguinte, são apresentadas as circunstâncias encarnatórias, dentro do contexto histórico, social e familiar. Observamos as razões de sua escolha, que justificara antes, contudo, são suas e pessoais. Poderia ter feito outras coisas, cuidar de terras como colono, voltar a viver nas tribos, por exemplo, mas fez a escolha que lhe pareceu ser a mais adequada naquele momento. Mas porque havia um conflito tão grande?
Questionei-me se teria Miguel o discernimento para julgar sua atitude perante a escravidão, e de como estariam as leis morais na sua consciência. Seria este um espírito ignorante a este respeito?
Na citação de Kardec, já descrita anteriormente, “é preciso ver o passado para se fazer uma ideia justa do presente”, está o esclarecimento de algumas questões.
Em encarnação pregressa, esse espírito vive em Cartago como escravo e viaja muito em navios mercantes. Conheceu a condição de ser escravo, literalmente, na própria pele.
Curioso e determinado, consegue conquistar sua liberdade ao comprá-la com o seu suor, esforço, determinação e muita luta. Trago sua fala mais marcante desta vida: - “Nunca mais serei escravo de ninguém, nunca mais, nunca mais....”
Busquei informações adicionais para saciar minha curiosidade e relembrar a história do colégio no “google” e descobri que Cartago, inicialmente colônia fenícia na Tunísia, foi uma grande potência antiga de conquistadores e mercadores que controlaram o mediterrâneo, com colônias importantes no sul da Itália e na Espanha. Os cartagineses perderam seu poder para império romano nas guerras púnicas.
Milênios depois, os conquistadores espanhóis, fazem uma colonização semelhante, sanguinolenta, na América Central.
Sabem qual era o nome da primeira capital da Costa Rica? - Nova Cartago.
Impérios vão e vêm, e conquistados e conquistadores trocam de papéis.
Milênios depois, Miguelito renasce nesta colônia. Aquele espírito que foi oprimido tornou-se um opressor. Participa de lutas com vendedores de escravos de tribos rivais e acaba por ter um desencarne violento.
Miguel havia contribuído para perenizar uma condição que não desejava para si mesmo, escrita na sua consciência. Contrariada a Lei, cumpria uma “punição” de certo modo auto imposta, sintonizado com vibrações densas em área de conflitos intermináveis.
Mas as “areias do tempo” dissipam as nuvens e tudo muda, nada fica parado.
A Misericórdia Divina alcança a todos, com as duras penas não sendo eternas, Miguel certamente está evoluindo e aprendendo que sua consciência pode ser o seu maior algoz. Aprenderá a tê-la como parceira admitindo a responsabilidade e perdoando-se, pois é um filho de Deus e irá aconchegar-se ao Pai.
Parafraseando Chico Xavier: “não podemos mudar nosso passado, podemos aprender com ele e construir um novo futuro mais conscientes de nossas possibilidades”.
Agradeço a partilha e as lições ofertadas com esse espírito, irmão de jornadas neste vasto planeta.
Muita PAZ para todos nós.
25/10/2011
Francesca Freitas