VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (68)
A Vivência Mediúnica faz uma reflexão sobre a qualidade do ser que somos e do ser que nos comunicamos.
No plano dos encarnados, nas nossas relações diárias, não podemos esquecer que a cor da pele, o formato do nariz, os cabelos e a cor dos olhos são apenas expressões materiais de um espírito imortal na sua veste e morada transitórias.
Já na nossa comunicação com desencarnados, não podemos perder de vista que é o teor da fala do espirito que irá distingui-lo moralmente, além das vibrações por ele emitidas, apresente-se como seja.
Estejamos atentos à qualidade da fala, das ações e não às características transitórias do ser.
Um ótimo dia para todos.
VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (68)
Dando continuidade ao tema proposto desde a VM 65, de intercambio cada vez mais estreito com outros irmãos que povoam mundos mais distantes, se faz necessário relembrar nossa condição humana, à luz do Evangelho Segundo o Espiritismo.
Penso ser importante comentar o assunto, principalmente para desfazer conotações fantasiosas ou pseudomísticas.
Kardec atenta para isto em toda a sua obra, esclarecendo e revelando várias das potencialidades contidas em cada um de nós, notadamente no que se refere à mediunidade, que nada mais é que a comunicação interdimensional entre seres humanos.
Sabemos que podemos nos comunicar, todos nós humanos, na condição de encarnados com outros encarnados (telepaticamente ou desdobrados, por exemplo), como encarnados com desencarnados, e que, com o perispírito livre da veste carnal, essas comunicações continuam por infindáveis planos evolutivos.
Mas será mesmo que a condição de “ser humano” está restrita ao planeta Terra?
Lembremos da obra supracitada, que no Capítulo III: “Há muitas moradas na Casa de Meu Pai”, nos esclarece e amplia as possibilidades de comunicação consciente. Selecionei alguns trechos que transcrevo abaixo, recomendando a todos uma leitura atenta das preciosas informações, já disponíveis há mais de 150 anos na Codificação.
“A casa do Pai é o Universo.
As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem aos Espíritos que neles encarnam as moradas apropriadas ao seu adiantamento.
Independentemente da variedade dos mundos, estas palavras também podem ser entendidas como o estado feliz ou infeliz do Espírito na erraticidade, conforme seu grau de pureza e se ache liberto dos laços materiais, o ambiente onde se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente, as percepções que possua, podendo tudo isso variar ao infinito.
Assim é que, se uns não podem se afastar dos locais onde viveram, outros se elevam e percorrem os espaços e os mundos.
Enquanto alguns Espíritos culpados perambulam sem destino nas trevas, os felizes desfrutam de uma claridade resplandecente e do sublime espetáculo do infinito... Portanto, lá também há muitas moradas, embora não sejam nem delimitadas, nem localizadas.
Do ensinamento dado pelos Espíritos, resulta que os diversos mundos estão em condições muito diferentes uns dos outros quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade de seus habitantes.
Dentre eles, há os que ainda são inferiores à Terra, física e moralmente, outros são do mesmo grau e ainda há outros que são mais ou menos superiores em todos os sentidos.
Nos mundos intermediários há a mistura do bem e do mal, predominando um ou outro, conforme o grau de seu adiantamento.
Embora não se possa fazer uma classificação rigorosa e precisa dos diversos mundos, podemos, considerando-se sua situação, destinação e características mais acentuadas, dividi-los, de uma maneira geral, desta forma: mundos primitivos, onde se dão as primeiras encarnações da alma humana; mundos de expiações e de provas, onde o mal predomina; mundos regeneradores, onde as almas que ainda vão expiar buscam novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos felizes, onde o bem supera o mal; mundos celestes ou divinos, morada dos Espíritos puros, onde exclusivamente só reina o bem.
Os Espíritos encarnados em um mundo não estão ligados indefinidamente a ele e não cumprem nele todas as fases progressivas que devem percorrer para chegar à perfeição.
Quando atingem o grau máximo de adiantamento no mundo em que vivem, passam para um outro mais avançado e, assim, sucessivamente, até que cheguem ao estado de Espíritos puros. São de igual modo estágios, em cada um dos quais encontram elementos de progresso proporcionais ao seu adiantamento.
Para eles, é uma recompensa passar para um mundo de uma ordem mais elevada, como é um castigo prolongar sua permanência em um mundo infeliz, ou ter que reencarnar num mundo ainda mais infeliz do que aquele que são forçados a deixar, por terem persistido no mal.
Muitos se surpreendem por encontrar na Terra tanta maldade e paixões terríveis, tantas misérias e doenças de todas as naturezas, e concluem disso que a espécie humana é algo muito triste.
Este julgamento origina-se de um ponto de vista limitado e dá uma falsa idéia do conjunto. É preciso considerar que na Terra não se encontra toda a Humanidade, mas somente uma pequena fração dela.
De fato, a espécie humana inclui todos os seres dotados de razão que povoam os incontáveis mundos do Universo.
Pois bem, o que é a população da Terra comparada com a população total desses mundos?
Bem menos do que a de um lugarejo em relação à de uma grande nação.
Faríamos uma idéia muito falsa dos habitantes de uma grande cidade se apenas os julgássemos pela população dos bairros pobres e humildes. Portanto, do mesmo modo que, numa cidade, toda a população não está nos hospitais ou nas prisões, também toda a Humanidade não está na Terra.”
As observações acima nos ampliam os horizontes e clamam pela reflexão e renovação de conceitos rígidos acerca da humanidade.
Sei que é difícil para alguns modificar seus pensamentos, após milênios de separação, classificando as pessoas como humanos, super-humanos, sub-humanos ou até mesmo não humanos ou sem-alma.
Faz pouco tempo, relativo à história do pensamento civilizatório conhecido ou divulgado academicamente, que índios e negros eram considerados como sub-humanos. O preconceito racial ainda é um problema a ser resolvido, além de outros mais, tão contrários à Lei do AMOR, à tradição Crística.
Há pouco menos de cem anos os pigmeus africanos foram classificados como espécie diversa do homo sapiens, praticamente “macacos”, até a ciência oficial admiti-los na linhagem humana. Quantos crimes foram cometidos pelo nazismo na tentativa eugênica de aperfeiçoar a raça humana?
Ainda há povos e nações inteiras no planeta com crenças arraigadas que permitem castas, subjugação de pessoas mais ignorantes, desprotegidos ou “derrotados”. Todavia, é gratificante observar que estamos caminhando a passos largos para a construção de uma humanidade mais consciente, menos ignorante, mais integrada e tolerante com a diversidade da raça humana. Há um presidente negro na nação, ainda, mais poderosa do mundo, e dirigentes indígenas eleitos em países da América do Sul, como exemplos marcantes e recentes.
A cor da pele, o formato do nariz, os cabelos e a cor dos olhos são apenas expressões materiais de um espírito imortal na sua veste e morada transitórias.
Sim, se há muitas moradas para o espírito humano, com muitas formas e cores, quantas não há de haver nesse Universo Infinito?
Pertencemos à uma grande Família na Terra e nas outras “terras” Cósmicas, portanto seja “terráqueo ou extraterrestre”, somos todos Humanos, filhos do Pai Maior.
O fato de habitar em outro planeta não torna o vizinho do universo mais evoluído moralmente ou uma deidade, é apenas um ser com algumas características diferentes. Lembremos-nos do engano cometido pelos astecas ao encontrarem os espanhóis na mesoamérica.
Como ensinado pelos Instrutores da Codificação, há que se ter bom senso e passar pelo crivo da razão, quaisquer comunicações com espíritos humanos, incluindo essa humanidade ampliada, cósmica e universal.
É o teor da fala do espirito que irá distingui-lo moralmente, além das vibrações por ele emitidas, apresente-se como pai-velho, doutor, índio, religioso, pesquisador, viajante, cigano, venusiano, pleidiano e etc. Pode dizer que está montado num cavalo, andando sobre as nuvens ou dirigindo uma nave espacial, a sua intenção e seus atos devem ser observados.
O trabalho “maravilhoso” é transformar-se num espírito mais amoroso, respeitoso e consciente no dia-a-dia, na sua condição de partícipe de uma grande fraternidade, que está a abraçar os mais próximos com a mesma consideração que abraça os visitantes do bem, que podem estar em outra cidade, país ou planeta.
MUITA PAZ para todos nós!
Francesca Freitas
29/11/2011