VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (101)

25/07/2012 14:58

 

A Vivência Mediúnica de hoje relata um atendimento a um jovem que, aparentemente, recentemente desencarnara em acidente automotivo.

A história, mais do que nos alertar para a necessidade de estarmos abertos para uma dimensão além da percebido pelos nossos “sentidos comuns”, nos evidencia que está nas nossas possibilidades o trabalho pelo bem.

A perfeição moral não é um requisito para o trabalhar no bem. A vontade de amar e de, a cada momento, nos tornarmos melhores é o requisito para o trabalho pelo outro. Assim, a perfeição moral deve ser vista como consequência das nossas escolhas e não simples causa delas.

Treinemos o amar.

Muita paz.

 

 

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (101)

 

Retomamos os relatos do intercambio mediúnico e hoje descrevo um deles.

Estava junto à médium, que há pouco acabara um atendimento, e ambas silenciosas, vibramos enquanto procedia-se ao seu refazimento energético. Fui pegar um copinho de água e levei até a médium, que balançou a cabeça, afastando-o num gesto defensivo, o que, a princípio, surpreendeu-me. Neste instante, colocou a mão na garganta, ofegante. Retirado o copinho, percebi a presença de um Espírito com muita dificuldade respiratória. Parecia estar desesperado, gesticulava e sinalizava com as mãos, como se não conseguisse expressar-se oralmente.

O envolvi em vibrações amorosas e lhe pedi para respirar com mais calma. Contudo, ele se debatia e parecia estar num quadro agudo de insuficiência respiratória, agonizante e realmente não conseguia falar.

Intuída pela Espiritualidade amiga, peguei um papel e lápis que coloquei na mão do Amigo.

A médium escreveu verticalmente e sem olhar para o papel: “Socorro estou morrendo afogado ajude meus amigos estão lá no carro”.

Compreendi, então, como o Espírito estava se sentindo, e lhe esclareci que fazia parte de uma equipe socorrista, e que estávamos lá para lhe prestar atendimento. Lhe pedi para colocar a água para fora simulando manobras prestadas em casos de afogamento e o Espírito seguiu de pronto as orientações. Ao tempo em que se recuperava, respirando mais devagar e profundamente, visualizei na minha tela mental um jovem rapaz de vinte e poucos anos, cabelos escuros e lisos, com um olhar de extrema preocupação.

Começou falando com alguma dificuldade, e ansioso disse: “- Pode me deixar, eu estava morrendo aqui, mas recebi socorro. Mas meus amigos que estão no carro podem estar até mortos, vá para lá e tire eles dali, vá logo, agora, senão eles podem morrer.....”

Entrou então num estado de torpor, e tentava manter-se consciente, como se quisesse levantar-se, mas seu corpo não o obedecia. Então eu lhe disse que uma equipe de resgate já estava no local por ele indicado para tirar o veículo do “barranco” onde caiu.  Pedi para olhar em volta e ele disse já ver a ambulância, as luzes e pessoas. Mas continuou perguntando sobre bombeiros, para tirar o carro, e insistindo para que seu deslocamento para o hospital fosse feito depois disto, pois ele queria saber dos seus amigos.

Foi informado de que precisava deslocar-se com brevidade para um centro com mais recursos, lhe pedi que usasse uma máscara com oxigênio e que descansasse, pois não poderia ajudar, além do que já tinha feito, nos avisando da presença dos amigos. Acalmou-se e dormiu.

Percebi que os seus amigos, uma moça e mais dois jovens, já tinham sido socorridos e deslocados do local há algum tempo, mais era ele que ali permanecia, cego e surdo aos amigos da espiritualidade ao seu lado, devido à preocupação com os colegas.

Entre os momentos de inconsciência e torpor, despertava com angustia respiratória e todo o mal-estar provocado pelas circunstancias do seu desencarne, sem entender o que realmente ocorreu. Mas, aquela não era a hora de informa-lo que vivia em outra dimensão. Era preciso enfrentar a um choque de cada vez, e na Instituição Espiritual seria esclarecido de acordo com sua capacidade de entendimento.

 

Fiquei agradecida pela oportunidade de minorar seu sofrimento, pois sei que a sensação de “sufocamento” é  terrível, e meditei um pouco.

Neste atendimento, aparentemente simples para os encarnados, havia uma proporção muito maior de desencarnados em serviço. Foi o nosso breve auxílio e doação energética que propiciaram o atendimento inicial, possivelmente devido à sintonia vibratória e à qualidade do nosso ectoplasma. Todos nós podemos contribuir, não há serviço “pequeno” para a Espiritualidade.

 

Muitos frequentadores e trabalhadores de uma Casa Espírita, acabam, por vezes, a mitificar o serviço mediúnico. Realmente é necessário o estudo, a disciplina, a vigilância e a boa-vontade, mas não esperemos estar em “perfeitas” condições para iniciar a tarefa mediúnica.

Perfeito é o Nosso Criador Maior, que nos orientará nas tarefas a que nos dispusermos, através dos nossos Irmãos Maiores. Se temos limitações e imperfeições, também possuímos atributos individuais únicos para partilhar, caso deixemos brotar em nós mesmos gotas da Generosidade Universal.

Há muitas vagas para o trabalhador disposto.

 

Segue um trecho de uma conversa entre André Luiz e seu orientador naquela ocasião, Alexandre, em Missionários da Luz, psicografia de Francisco C. Xavier:

 

“Então – continuei perguntando – não seria difícil prepararem-se todas as criaturas para receberem a influenciação superior?

– De modo algum – esclareceu ele – todas as almas retas, dentro do espírito de serviço e de equilíbrio, podem comungar perfeitamente com os mensageiros divinos e receber-lhes os programas de trabalho e iluminação, independentemente da técnica do mediunismo que, presentemente, se desenvolve no mundo.

Não há privilegiado na Criação. Existem, sim, os trabalhadores fiéis, compensados com justiça, seja onde for.

 

Nesse momento, Alexandre colocou novamente a destra sobre a fronte da jovem, que lhe traduziu o pensamento, em tom de respeito e carinho:

Concordo em que o Espiritismo é nosso manancial de consolo, mas não posso esquecer que temos na Doutrina a bendita escola de preparação. Se permanecermos arraigados às exigências de conforto, talvez venhamos a olvidar as obrigações do trabalho.

Creio que os instrutores da verdade espiritual desejam, antes de tudo, a nossa renovação íntima, para a vida superior.

Se apenas buscarmos consolação, sem adquirir fortaleza, não passaremos de crianças espirituais.

Se procurarmos a companhia de orientadores benevolentes, tão-só para o gozo de vantagens pessoais, onde estará o aprendizado?

Acaso não permanecemos, aqui na Terra, em lição?

Teríamos recebido o corpo, ao renascer, apenas para repousar?

É incrível que os nossos amigos da esfera superior nos venham suprimir a possibilidade de caminhar por nós mesmos, usando os próprios pés.

Naturalmente, não nos querem, os benfeitores do Além, para eternos necessitados da casa de Deus e, sim, para companheiros dos gloriosos serviços do bem, tão generosos, fortes, sábios e felizes quanto eles já o são.”

 

Muita PAZ para todos nós.

Francesca Freitas

24-07-2012

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