VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (107)

06/09/2012 07:39

 

A Vivência Mediúnica de hoje resgata a história da semana passada em que um peixeiro deposita todas as suas expectativas em um falso mapa do tesouro.

Um exemplo de história que reflete muito a nossa humanidade.

Quantos não sonham em mudar toda sua dinâmica de vida num jogo de loteria?

É essa expectativa, e as frustações dela advinda, que o texto reflete.

Reflitamos junto com ele.

Muita paz.

 

 

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (107)

  

Seguimos a história do mercador de frutos do mar, pois tinha uma barraca bem sortida de peixes, lulas e mariscos.

Seu negócio fora herdado do pai, que, por sua vez, o herdou do avô paterno. Este, um pescador humilde que conseguiu comprar um pequeno barco e, depois de alguns anos vendendo seu produto aos comerciantes, conseguiu montar uma pequena barraca na feira local. O trabalho árduo no mar o envelheceu precocemente, e desencarnou pouco tempo depois, deixando o negócio para os filhos.

O pai do nosso amigo foi um dos que mais trabalhou. Ampliou a freguesia, principalmente devido à técnica, que aprimorou ao longo dos anos, para salgar e defumar o pescado, o que dilatava o prazo de conservação.

Desde cedo, menino, acompanhava o pai na lida diária, com pouco tempo para brincadeiras. Era o mais velho de muitos irmãos, e, portanto, deveria seguir a tradição familiar, o que era costumeiro naquela época. Sentia-se afastado dos irmãos, com os quais pouco conviveu na infância precoce, pois saía com o pai antes do amanhecer e, na maioria das vezes, chegava tão cansado que dormia logo após alimentar-se.

Algumas vezes apanhou por dormir, exaurido, escondido atrás de alguma cesta, na barraca de um dos peixeiros mais famosos do pequeno porto.  

Com cerca de 15, 16 anos, o pai faleceu e ele, o varão, assumiu o negócio que bem conhecia.

 

O jovem foi criado ouvindo essas histórias que enalteciam o esforço do pai e do avô, porém, em algum momento, as histórias que o enchiam de orgulho passaram a figurar, para ele, como um desmerecimento do seu esforço. Sentia-se desvalorizado pela mãe, principalmente quando repetia que ele “tinha encontrado tudo pronto”, todo o trabalho já realizado pelos ascendentes.

Arrimo da família, a qual se agregaram as cunhadas e sobrinhos, trabalhava praticamente de domingo a domingo, com o auxílio de dois dos irmãos, sendo que apenas um deles se dedicava realmente à labuta com responsabilidade.

Nas suas raras pausas vespertinas, costumava olhar o mar, os barcos e contemplava o horizonte. Queria sonhar com uma vida diferente, mas sentia-se responsável pela família numerosa e dependente, como uma obrigação herdada.

 

Casou-se com uma concunhada, sem maiores ligações emocionais, e teve um filho, no qual depositava esperança de uma vida completamente diferente da sua.

Com menos de trinta anos, era um hábil negociante, persuasivo e algo dissimulado. Conversava e contava histórias animadas aos fregueses, mas pouco falava em casa.

Por mais que tentasse guardar algum dinheiro, moedas de prata na ocasião, não conseguia. Os gastos com a família numerosa eram muitos.

Não era necessariamente infeliz, mas também não era alegre, pois se sentia destituído de alguma perspectiva de melhora no cotidiano duro. Embotou-se emocionalmente, endurecendo o seu coração.

Sentia a vida como uma carga que precisava levar, como um destino marcado. Trabalhava mais quando essas questões surgiam à sua mente e quando se sentia triste. Ao longo dos anos, uma sensação de insatisfação instalou-se progressiva e insidiosamente.

 

Eis que, um belo dia, surge na sua barraca o velho marinheiro, contando sua estória com muitos floreios, e pedindo segredo. O marinheiro, que já tinha aplicado golpes semelhantes, foi “vender o seu peixe” com muita lábia, pois tinha se informado no local que o peixeiro tinha algumas economias. Sem remorso, negociava mapas de tesouro falsos em portos distantes e desaparecia depois. Dizia-se sem herdeiros, “só no mundo e quase à beira da morte”, por isso vendia o tal mapa por um preço ínfimo em relação ao seu real valor.

 

O nosso amigo viu aí uma saída para o seu problema, pois com um tesouro valioso deixaria bens suficientes para o sustento da família, e poderia proporcionar outro futuro para o seu filho, com o qual pouco convivia. Poderia morar num local distante e literalmente distanciar-se dos familiares, aos quais não dedicava maior apreço ou afeição.

Nem pensou direito, e regatou o custo do tal mapa, sem maiores dilemas morais por comprar algo valioso de alguém aparentemente desesperado, por um preço que não seria justo.

Esses antigos engodos ainda acontecem, à exemplo da venda de bilhete de loteria “premiados” por pseudo-ignorantes à pseudo-sabidos.

 

O peixeiro construiu mentalmente seu tesouro e, cheio de expectativas, embarcou na “viagem furada”, descrita sumariamente na Vivência Mediúnica passada.

O que aconteceu depois, a não aceitação de uma nova realidade, deveu-se à fixação nesse sonho-fantasia, o tesouro contemplado na sua mente. 

Sua história me emocionou, pois tem um cunho atemporal. Quantos não sonham em mudar toda sua dinâmica de vida num jogo de loteria....

Mas a Misericórdia Divina a todos alcança, e esse Espírito foi acolhido. No mundo espiritual poderá pensar, meditar e aprender mais sobre si mesmo e acerca de outros tesouros muito, muito mais preciosos, os do Espírito.

 

Muita PAZ para todos nós.

Francesca Freitas

05-09-2012

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