VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (116)

06/11/2012 18:06

 

A Vivência Mediúnica de hoje apresenta um sujeito que, o que teve de desconfiado, tem de grande simpatia. Um espírito acolhido em nossa CACEF e que, simplesmente, não estava acostumado a receber carinho e atenção.

A ideia de retribuirmos tudo o que já recebemos neste munda cativou tal espírito a se abrir um pouco para o nosso acolhimento.

Agora, neste breve texto, esperamos que ele cative todos vocês, amigos leitores.

Cativemos o mundo.

 

 

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (116)

 

Retomo hoje os relatos colhidos na tarefa de intercambio mediúnico. Num atendimento recente me deparei com esse Espírito, e conto nosso encontro breve e valioso.

Aproximou-se do médium sem muita dificuldade e me disse:

-“ Não sei porque me trouxeram aqui, esse não é um lugar para mim! Podem de me deixar lá que eu tô quieto, e não vou perturbar vocês se me deixarem em paz.”

Esta frase não me surpreendeu por ser muito conhecida, aliás, repetida por inúmeros Espíritos ao longo dos anos neste labor. Contudo, pela maneira como foi dita, percebi uma tristeza implícita.

Envolvido em vibrações amorosas, o irmão revelou que estava ficando “zonzo”, e, já desconfiado e olhando para os lados, perguntou o que eu estava fazendo com ele. Sentia-se num local diferente, como se não entendesse como foi parar ali. Pedi-lhe que respirasse mais pausadamente e ele pareceu adormecer por breves segundos.

Logo em seguida o atendimento, ficou um pouco diferente, era como se conversássemos em outro cenário, o qual visualizava na minha tela mental. Numa ruela iluminada por fraca luz bruxuleante via sua silhueta, um homem magro e alto, com trajes simples e quase andrajosos, como se submetido a muitas privações. Senti seu olhar curioso e lhe esclareci ser eu uma atendente da Caravana da Fraternidade da nossa Casa de Caridade. Que estava ali para auxilia-lo, mas, a princípio, ele não acreditou e me perguntou de modo muito intenso porque queria ajudá-lo, já que não me conhecia e o que eu iria querer em troca desse auxílio.

Falei-lhe com toda a sinceridade, palavras que saíram principalmente do meu coração, que um dia tive a ajuda de um desconhecido, e que o que eu fazia era em retribuição ao Universo, por muitos “bens recebidos”, e que eu estava apenas fazendo a minha parte, por gratidão.

Percebi que ficou um pouco atônito, contudo, disposto a seguir ao convite que lhe fiz para adentrar na nossa instituição. Senti sua relutância na entrada:

- “Moça, será que vão deixar alguém assim como eu entrar aí?”

Respondi que estávamos numa Instituição de Acolhimento, que abrigava também um Hospital e aí notei que seu olhar já abrangia áreas diversas. Viu o jardim e disse ter observado muito movimento, mas que não queria demorar.

Intuída pelos Orientadores, lhe entreguei uma espécie de mochila que continha, dentre outros, uma sopa embalada, uma garrafa de água, uma muda de roupa e um cobertor.

Agradeceu muito e me disse que queria pagar com algum serviço àquela ajuda, mas que não sabia como. Eu lhe sugeri um serviço com as macas, no transporte de doentes.

 Surpresa fiquei com sua assertiva:

-“ Que horas então eu volto para encontrar a senhora e trabalhar?”

Respondi que poderia se apresentar às duas horas, pois que me disponho a trabalhar na instituição espiritual no desdobramento do sono, e combinamos que permaneceria em torno de duas horas a princípio.

-“Tá bom, mas eu vou e volto para o meu lugar”.

Marcamos o encontro na porta da Cacef, e em seguida despediu-se, apressado e mais disposto. 

Pareceu-me que o "não dito", que iria tomar um banho, alimentar-se adequadamente, trocar de roupa e receber as devidas instruções para a tarefa ao chegar, estava compreendido.

Visualizei-o na ruela escura, já chamando mais alguns amigos dele para partilharem da “refeição recebida” e falando do local onde estivera.

Seu rasgo de generosidade me emocionou muito, pois, para ele, não valia o ditado popular completamente inadequado e egoísta: “farinha pouca, o meu pirão primeiro”.

Já em casa, lembrava-me dele e de seus amigos, quatro ou cinco em condição semelhante, rogando à Misericórdia Divina por todos. Despertei com o dia amanhecendo, com uma vaga lembrança deste amigo e dos seus companheiros saindo de um grande portão com suas mochilas. Tinha a sensação que se sentiam acolhidos e, de algum modo, produtivos, pois encontraram um trabalho, e com isso alimento não só para o corpo, mas também para alma.

Aprendi muito com este Espírito, um homem simples, de poucas palavras, porém disposto e com um coração generoso. Lembrei-me do texto da semana passada, de como gestos singelos e tarefas aparentemente “pequenas” são importantes.

“Não planejamos um grupo para reformar o mundo, nem para conquistar todos os grandes espíritos que se debatem nas sombras.

Haveremos de nos preparar apenas para a nossa pequena oferenda.”

                                                                       Hermínio de Miranda

 

Muita PAZ para todos nós.

Francesca Freitas

05-11-2012

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