VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (119)

29/11/2012 07:58

 

A Vivência Mediúnica de hoje fala do acréscimo de “interpretações” pessoais às leis e preceitos éticos, que aos poucos tornam uma determinada doutrina uma caricatura de si mesma.

Inspirada pela trajetória do guerreiro dos textos anteriores, a autora faz algumas observações pessoais acerca das primeiras leis humanas organizadas como um código de conduta ético e de inspiração divina, dos Dez Mandamentos.

Esperamos que todos encarem esta face interpretativa para o nascimento da nossa própria face.

Muita paz.

 

 

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (119)

 

No mundo contemporâneo, já em franca mudança de paradigmas, ainda encontramos essas disputas nefastas de poder que utilizam o estratagema religioso.

Os grandes e nobres pensadores do bem, os Espíritos Iluminados que aqui encarnaram para dissipar a nossa ignorância, tem todos, no bojo de suas doutrinas a Amorosidade, a tolerância e a equanimidade.

A diferença vibratória e evolutiva dos primeiros discípulos distancia-se dos demais que vão achegando-se, e ocorrem os desvios das ideias-eixo das grandes doutrinas.

Para o mundo ocidental, as transgressões às próprias leis máximas são tão antigas quanto notórias, a exemplo do antigo testamento. Os povos que seguem as tradições e leis de Moisés, são os primeiros a derrocá-las, e logo após deixarem o deserto.

O ser paradoxal engendra pensamentos falsamente lógicos e sofismas para aparentemente justificar o injustificável, disfarçar o erro que irá gerar a “culpa” ou carma, quando vislumbra no mais íntimo do seu ser um desvio à uma Lei Sagrada, indelevelmente insculpida na sua consciência.

Daí ocorre o acréscimo de “interpretações” pessoais às leis e preceitos éticos, que aos poucos tornam uma determinada doutrina uma caricatura de si mesma.

 

Inspirada pela trajetória do guerreiro dos textos anteriores, faço hoje algumas observações pessoais acerca das primeiras leis humanas organizadas como um código de conduta ético e de inspiração divina, dos Dez Mandamentos.

 

1 - Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim.

Esse é o Deus que liberta um povo do jugo de outro, portanto revela, para quem já foi escravo, as mazelas da servidão. Não me parece estimular a conquista de outros povos, pelo contrário, me inspira a palavra Liberdade. E como a minha liberdade esbarra com a “liberdade” do outro, inspira também o respeito e a tolerância.

Não diz para julgar os demais, nem os condena ou apena. Não indica morte aos infiéis nem os conjura ao inferno. Aliás, esta noção de inferno como conhecemos nem existia naquela época.

 

2 - Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.

Bem, aqui observo o paradoxo das imagens e esculturas, de templos ornados a ouro e pedras preciosas e dos paramentos ditos “sacros”. Ainda existem as pedras, a exemplo dos belitos como o encontrado na caaba.

Esse “visitar” a iniquidade pode não ser uma vingança, e sim a observação dos efeitos de uma educação religiosa desvirtuada deste preceito sobre as próximas gerações, que conservam na sua memória a idolatria, pela simples tradição herdada.

O “fazer a misericórdia” é a recompensa pelo amor destinado ao Divino em nós, é eco da Amorosidade devocional.

Indica que observa os que guardam os preceitos éticos e despendem esforços para tal.

 

3 - Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.

Revela o máximo respeito à sua própria crença maior, ao seu DEUS, o Criador. Tratar sem leviandade o Divino, pois não enganamos ao Pai com palavras ditas ou atos cometidos em seu nome.


4 - Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.

Penso que naquela época, ordenar um dia para descanso era uma lei social muito importante, que dava a todos os homens sem distinção um dia para desobrigar-se das tarefas materiais.

 

5 - Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.

Não abandonar os pais e anciões à míngua, cuidar deles na velhice, respeitando-os como seres humanos dignos de cuidados. Não significa necessariamente admirá-los ou seguir-lhes os passos.


6 - Não matarás.

O “não matarás” foi e é descumprido sucessivamente, e a diversos pretextos. Com o tempo, foram acrescentando interpretações e justificativas à iniquidade e maldade, o exceto em caso disso ou daquilo.

As palavras fiel e infiel, escolhido ou excluído à determinada crença viraram “licença” para matar. A morte banalizada desvaloriza a vida.

Não diz que não devemos defender a nossa vida nem a nossa propriedade. Mas que a vida, como VIDA pertence ao Criador.

O fanatismo de ideias, que levaram ao suplício antigos cristãos, judeus no nazismo, não católicos na inquisição e outros, permanece na intolerância à diversidade, e estendeu-se nos grupos de ódio e extermínio. Penso nos fanáticos, católicos contra protestantes em Belfast, judeus contra palestinos na faixa de Gaza, e na incoerência com este mandamento daqueles que dizem “ter a palavra do senhor”.

Ainda há locais no oriente médio onde se mata mulheres que querem ter uma vida mais livre e digna, e no nosso próprio país, em que homossexuais são assassinados pela sua condição.

Encarnar dá muito trabalho, e é uma oportunidade ofertada pela Criador para a nossa evolução.

Lembro-me de grandes Espíritos que demonstraram imenso respeito à vida, tais como Buda e Gandhi.


7 - Não adulterarás.

Para mim, significa não engane, não minta ao trair a confiança de ninguém. Assuma o compromisso que pode assumir e se tiver muito difícil ou impossível de conviver, saia do relacionamento da maneira mais ética possível. 

Pode ter um sentido mais ampliado, como o de não adulterar ou alterar a “boa” aparência de um contrato: matrimonial, de trabalho e etc.

Difícil, mas não impossível, principalmente nos dias de hoje. Palavras, pensamentos e atos em harmonia, no esforço de manter-se íntegro.


8 - Não furtarás.

Não subtrair de alguém o que não te pertence, incluindo o bem individual e o público.  Este aí nem precisa de nenhuma justificativa.


9 - Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

Como seria bom ter a Terra desprovida de fofocas, intrigas e mentiras; mas penso já estarmos no caminho.

 

10 - Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.

Dá um sonoro não à inveja que dilacera mentes e corações.

Hoje em dia seria o dinheiro, o apartamento, o carro, a fama, a beleza e etc. Mas há também uma mais inveja insidiosa e não menos grave, do bem estar de alguém, da paz e alegria de outrem.

 

Bem, estes aparentemente dez simples ordenamentos ocorreram bem mais de mil anos antes da chegada do Nazareno, que  acrescentou ao primeiro o conteúdo da Sua mensagem perfeita:

“Amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.

 

 

Muita PAZ para todos nós.

Francesca Freitas

27-11-2012

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