VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (134)
A Vivência Mediúnica de hoje reflete a respeito da humanidade, do ser humano.
Para tanto se utiliza de trechos do livro : “A Grande Batalha” de Pietro Ubaldi, traduzido por Carlos Torres Pastorino.
Que todos tenham uma salutar leitura, repleta de introspecção.
Muita paz.
VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (134)
O encontro com o espírito determinado à manter-se na treva, treva esta do egoísmo atroz que o compelia a agir de modo animalesco, como um parasita que suga energias para sobreviver, me fizeram refletir a respeito da humanidade.
É certo que há uma diversidade quase infinita de tipos de seres vivos, e uma grande distancia biológica do micróbio ao homem. Mas, nos degraus mais iniciais da vida humana, este ser diferencia-se de um animal posto que sua consciência, mesmo a mais rudimentar, é aparelhada do raciocínio e livre-escolha.
Nada melhor que a consulta a grandes pensadores e Espíritos nobres que se defrontaram com estas questões para ampliar nossa compreensão. Para tanto escolhi trechos do livro : “A Grande Batalha” de Pietro Ubaldi, traduzido por Carlos Torres Pastorino, grifos e parênteses nossos.
“As observações que vamos fazendo nos deixam compreender qual seja a atual posição do homem ao longo da escada da evolução, e qual seja a função biológica que em sua vida representam os princípios ideais da ética e das religiões.
A atual fase do homem é a do ser que está cumprindo os primeiros passos para sair da animalidade. Por isso, com relação ao tipo excepcional, que algumas vezes aparece na terra, que saiu da animalidade, e que havemos denominado o evolvido (evoluído), o outro tipo, o mais comum é representado por aquele que chamamos de involvido (involuído).
Trata-se de maior ou menor caminho percorrido, de posições diversas no caminho da evolução.
Mas todos permanecem irmanados num organismo único, em que os poderes maiores dos mais adiantados importam em maiores deveres em benefício dos mais atrasados.
Todavia o tipo verdadeiramente homem, no sentido de já se haver distinguido completamente da animalidade, é representado pelo evolvido, enquanto do outro lado, debaixo da média, o selvagem e o delinquente representam o tipo que permaneceu ainda quase totalmente no plano da animalidade.
Notamos, pois, estas graduações:
1º) O ser exclusivamente animal, que precede evolutivamente o aparecimento do homem ao longo da escala zoológica;
2º) O tipo selvagem ou o delinquente, que representa o homem que, não obstante morfologicamente parecido com o homem, permaneceu ainda substancialmente no estado animal;
3º) O tipo humano dominante que representa uma transformação, mais ou menos adiantada, do animal em homem;
4º) O tipo hoje super-humano, excepcional, que, porém, constituirá o tipo normal humano do porvir, representativo da transformação completa do animal em homem.
É destes, dois últimos tipos que nos ocupamos aqui, denominando involuído o terceiro e evolvido o quarto. Eis a posição do homem atual.
Não se pode deixar de reconhecer que ele é guiado pelos instintos, o que o coloca na posição biológica da animalidade. Nisto ele acompanha quase automaticamente o que a sabedoria da vida impõe aos primitivos ignorantes, para fazê-los cumprir o que corresponde aos seus fins.
Neste terreno o homem obedece como os animais, sem saber as razões e sem perceber os fins daquilo que faz. Todavia, embora isto seja verdadeiro, é preciso reconhecer que este não é o homem total.
Os moventes psicológicos que movimentam o involuído são os instintos. Não possui ele, ainda, o conhecimento que o oriente na ação, iluminando-o acerca das consequências de seus próprios atos.
Não formou, ainda, uma consciência para autodirigir-se com inteligência no seio das leis que regem o universo e, pois, sua própria vida.
Debate-se, por tentativas, num mundo de que não conhece a estrutura íntima, as razões da existência e as finalidades a alcançar.
É, ainda, um menino que procura e experimenta. Mas, se não conhece o caminho, como se pode dirigir?
Deixa-se por isso, conduzir pelos instintos que representam a consciência elementar adquirida no passado, na fase evolutiva precedente, que é a da animalidade.
Nos casos onde o indivíduo não alcançou ainda uma autonomia consciente de si mesmo, suficiente para que possa dirigir-se de per si, é a consciência da vida que funciona para ele, dirigindo-o, como se faz com os meninos.
Ele não toma ainda parte nas diretivas da vida, como fará depois quando estiver bastante maduro; não é, ainda, operário de Deus, colaborante orgânico no funcionamento do universo.
O homem atual acredita estar mandando. Mas como pode fazê-lo quem ainda não conhece a máquina que deve dirigir?
Representam estes a mola para a continuação da vida: a fome, para a conservação individual, o amor, para a conservação da espécie, o instinto de expansão e progresso, para a evolução do ser; tudo vivido conforme a lei biológica da luta tendente a seleção do mais forte, daquele que representa o tipo que a evolução quer produzir naquele plano e que, por isso, naquele nível é o melhor, o ótimo entre os valores, ainda que, depois, com o deslocamento da escala dos valores evolutivos, em outros planos de vida, ele possa representar um involuído retrógrado, considerado um pior.
De outro lado encontramos o tipo biológico do evolvido.
Os impulsos que o movem são diversos. Continua ele possuindo seus instintos, filhos de sua passada animalidade, mas ele os conhece; sabedor de suas finalidades, domina-os e os dirige. Havendo alcançado o conhecimento, pode, agora, mandar em vez de obedecer.
O evolvido é aquele que alcançou a verdadeira liberdade que somente o conhecimento pode outorgar. É a liberdade de autodirigir-se conscientemente e não aquela de obedecer aos próprios instintos.
A consciência alcançada o conduz ao uso dessa liberdade na espontânea adesão à lei de Deus, tomando-se seu operário para colaborar no funcionamento do universo.
Este será o tipo de homem que a evolução produzirá no futuro, um homem que saberá dirigir conscientemente e com conhecimento, não só a sua vida, mas que poderá tomar as diretrizes do fenômeno da evolução no seu planeta.
O seu progresso ascensional leva para uma sempre maior conquista de liberdade e de comando.
Neste plano subsiste a luta, mas ela toma formas e finalidades diversas.
A luta não se destina a selecionar o biótipo do mais prepotente, do dominador egoísta, do destruidor anti-social do bem alheio; não se trava para fortalecer-nos na animalidade, mas para, ultrapassá-la e dela sair para formas de vida superiores.
A luta, nesse caso, não existe para satisfazer os instintos, mas para submetê-los não para dominar, mas para domar a própria animalidade; não para conquistar um poder por exclusiva vantagem pessoal, mas para a coordenação orgânica de todos, exercendo, quando necessário, também o poder, mas como missão em favor de todos.”