VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (136)

24/07/2013 08:57

Hoje a Vivência Mediúnica traz o relato de um atendimento a um Espírito que, quando encarnado, era um cristão fervoroso e levou para o além-túmulo todas as suas crenças cristalizadas.

Tais crenças, entretanto impediu o contato facilitado com novas “verdades”.

Lindo foi ver que a presença de Jesus, nos pequenos atos de caridade, permitiu uma abertura ao novo.

Esperamos que todos gostem dessa experiência.

Paz.

 

 

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (136)

 

O trabalho gratificante continua, e toda partilha me ensina um pouco mais sobre nós mesmos, seres humanos interessantes e diversos, cada um com sua história. Até mesmo em casos semelhantes, encontro particularidades únicas, o que me incentiva a observar os meandros da nossa alma.

Hoje relato um atendimento de um Espírito que quando encarnado era um cristão fervoroso e levou para o além-túmulo todas as suas crenças cristalizadas.

Aproximou-se da psicosfera do médium, e permaneceu por alguns minutos a observar intensa atividade na sala mediúnica, com os braços cruzados e punhos cerrados.

A princípio ignorou meu cumprimento inicial, afastando-se na cadeira à minha aproximação.  Dava para captar facilmente o quanto estava exaltado e irritado.

Orei baixinho e lhe disse que não tinha o que temer, já observando que estava sendo atendido pela equipe Espiritual da Casa. Na minha tela mental via um senhor com uma veste escura, comum a muitos religiosos.

Subitamente abriu os braços numa clara postura de defesa e vociferou:

-“Sai-te satanás! Você é uma bruxa, sai-te em nome de Jesus! Não se aproxime de mim sua bruxa, vocês não vão me enganar. Pensa que porque estão me mostrando isto eu vou acreditar. Já sabia de vocês aqui faz tempo, e estou preparado. Meu Deus, me livre do satanás!”

Estava completamente transtornado.

O médium teve que conter sua expressão física, pois queria repelir-me a qualquer custo. A calma e a paciência que são infundidas pela Espiritualidade amiga são impressionantes, e contive minha vontade de sorrir, como fazemos com as crianças numa crise de “pirraça”.

O ambiente de trabalho amoroso, a conversação respeitosa e os atendimentos socorristas que estava a assistir mobilizaram as suas mais profundas crenças.

Envolto em vibrações pacificadoras, voltou a falar:

- “Você não vai me tentar, bruxa, com essa conversa não vou cair como muitos o fizeram... (o detalhe é que eu não estava falando com ele naquele momento)  Vade retro! Sai capeta! Esse negócio de reencarnação não existe.”

Os passes espirituais o acalmaram, e eu lhe disse que estava convidado a conhecer nossa Instituição para que o mesmo tirasse as suas próprias conclusões. Falei-lhe que nosso objetivo era de contribuir, auxiliar dentro das nossas limitações a minorar o sofrimento, dentro dos preceitos do Cristo. Esta era uma Casa de Caridade e de Fraternidade.

Visualizei-o entrando na Instituição Espiritual e ele viu o movimento de atendimento aos doentes e ficou sensibilizado. Viu a chegada de macas, e o labor da equipe no acolhimento. Olhou para uma das freiras do hospital e ficou por breves instantes a fitá-la. Não havia nada ali que fosse contra os preceitos do Senhor Jesus.

Atordoado, não conseguiu captar mentalmente a mensagem que a Irmã queria lhe passar e eu lhe disse que havia um religioso da sua Igreja lá. Ele concordou em encontrá-lo.

Na entrada de uma espécie de Templo, visualizou o outrora professor, entre a surpresa a grande comoção, disse:

-“Mestre, mestre! Estou enganado?”

Atordoado, foi se acercando com seu outrora orientador da porta do templo que emitia luzes brilhantes e uma imensa sensação de paz.

Não conseguia entrar, pois ele sentia e visualizava a imagem de Jesus, com sua face serena e sorridente.  Prostrado, passou a chorar desesperado, clamando misericórdia.

- “O Cristo Jesus está aqui, perdão meu Deus, perdão....”

Sentia-se muito mal, com os pensamentos em torvelinho e a culpa a lhe corroer o coração. Pedi-lhe que me acompanhasse na prece que Jesus nos ensinou, e foi no curso da oração que o observei adormecer menos transtornado.

Agradeci pela oportunidade, por poder acompanhá-lo nesse processo de descoberta. Afinal, entre abrir e rasgar o véu da ignorância há um processo diferente e mais ou menos doloroso.

E, para reduzir um pouco a minha própria ignorância, recorro às sabias palavras de Emmanuel, do livro Seara dos Médiuns, psicografia de Chico Xavier.

 

Fome e ignorância

Reunião pública de 8/2/60, Questão nº 32

Atentos ao Impositivo do estudo, a fim de que a luz do entendimento nos ensine a caminhar com segurança e a viver proveitosamente, estabeleçamos alguns confron­tos entre a fome e a Ignorância — dois dos grandes fla­gelos da Humanidade.

A fome ameniza o corpo.

A Ignorância obscurece a alma.

A fome atormenta.

A ignorância anestesia.

A fome protesta.

A ignorância ilude.

A fome cria aflições imediatas.

A Ignorância cria calamidades remotas.

A fome é crise gritante.

A ignorância é problema enquistado.

Em todos os lugares, vemos o faminto e o Ignorante em atitudes diversas.

O faminto trabalha afanosamente na conquista do pão.

O Ignorante é indiferente à posse da luz.

O faminto reconhece a própria carência.

O ignorante não se define.

O faminto aparece.

O ignorante oculta-se.

O faminto anuncia a própria necessidade.

O ignorante engana a si mesmo.

Qualquer pessoa pode atender à fome.

Raras criaturas, porém, conseguem socorrer a igno­rância.

Para sanar a fome, basta estender pão.

Para extinguir a ignorância, é indispensável fazer luz.

Nesse sentido, mentalizemos o Provedor Divino.

Todos sabemos que o pão entregue pelos discípulos a Jesus, a fim de ser multiplicado em favor dos famintos, é, aproximadamente, o mesmo de hoje que podemos amas­sar com facilidade; mas a luz entregue pelo Senhor aos discípulos, para ser multiplicada em favor dos ignorantes, exige perseverança incansável, no serviço do bem aos outros, com espirito de amor puro e sacrifício integral.

Valendo-nos, pois, da conceituação que a fome e a ignorância nos sugerem, concluímos que, na Doutrina Es­pírita, não nos bastam aqueles amigos que nos mostrem médiuns e fenômenos, para dissipar-nos a Inquietação da fome de ver, mas, acima de tudo, precisamos dos compa­nheiros valorosos, com atitude e exemplo, que nos arran­quem ao comodismo da ignorância, para ajudar-nos a discernir.”

 

Muita Paz para todos nós!

Francesca Freitas

15-07-2013

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