VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (95)

14/06/2012 08:08

 

A Vivência Mediúnica de hoje nos evidencia que, muitas vezes, destituídos de força e desesperançados, nos acostumamos a uma vida com expectativas cada vez menores para nós mesmos.

E isso reflete no nosso relacionamento com o outro, seja nos colocando numa situação de poder, seja numa situação de subserviência diante do outro.

É quando surge a pergunta: seria possível construir um relacionamento que não fosse a partir da carência?

Sim, desde que o objetivo dos nossos relacionamentos não seja buscar o que nos falta, pois a metade que procura outra metade limita-se a amar-se a si mesma, aprisionando ou se prendendo aos caprichos do outro.

Portanto, amemos, compreendendo o amor como a procura de um inteiro direcionado para um outro inteiro, não surgindo, assim, da carência, mas de um transbordamento em direção ao outro.

Transbordemos o que temos de bom em direção ao outro.

Muito amor.

 

 

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS (95)

 

Refletindo sobre a historia do Sr. M., observo com desagrado mais um exemplo da exploração de um ser humano por outro e, neste caso em particular, no trabalho semiescravo. Essa pratica infeliz é frequente em zonas umbralinas densas, com população espiritual menos esclarecida, de modo similar ao que ocorre na crosta.

Indivíduos encarnados ou desencarnados, que gozando de situação transitória de maior força e poder, seja material, físico ou intelectual, embora destituídos de um senso moral ético, submetem o mais fraco e vulnerável aos seus interesses.

O “outro”, o irmão, passa a ser “mão de obra” útil, especialmente se mantido num estado de ignorância de suas potencialidades. A exploração, realizada de modo mais ou menos consciente, objetiva a cercear a educação, pois esta amplia as capacidades intelectiva e reflexiva.

Um tipo diferente de “educação”, que poderia ser melhor chamado de “condicionamento”, é fornecido para manter o individuo-espírito, num estado de subserviência, o mais pacífico possível e afastado das realidades verdadeiras.

As informações são filtradas e distorcidas, de modo a não apresentar ao ser uma esperança maior e, ainda, em muitos casos, sentirem-se gratos por estarem sobrevivendo naquela condição.

Há seres humanos que labutam em condições de trabalho deploráveis e degradantes, cujo suor e esforço é trocado por um local para abrigar o corpo, alimentação insatisfatória e inúmeros riscos à saúde. Muitos são atraídos por falsas promessas, mas os salários irrisórios e o decorrer do tempo acabam por desiludi-los. Destituídos de força e desesperançados, acostumam-se àquela vida, com expectativas cada vez menores para si mesmos.

Um bom exemplo está em alguns locais de mineração. O solo e o povo são explorados exaustivamente e as riquezas materiais, arrebatadas, vão parar em poucas e distantes mãos. Lembro-me do paradoxo das grandes minas de diamantes nos países mais pobres do planeta.

Recentemente, vi na TV uma reportagem sobre um determinado lugar onde minera-se ouro, já há milênios. Atualmente muito escasso, ainda assim procuram pepitas num local de paisagem quase desértica e desolada, com uma população em extrema pobreza. Vi um “pequeno negociante” a barganhar com o garimpeiro, desvalorizando sua mercadoria para comprar mais barato, e naturalmente, vende-la a um preço muito maior. Na cidade, vende a mercadoria para um artífice que procede do mesmo modo com ele, isto é, a cadeia da exploração e da falsa esperteza em ação, vai tomando uma proporção maior.

Hoje em dia, há uma banalização, praticamente institucionalizada, da “vantagem” como um ganho extra sobre o que seria considerado um valor justo, usando-se o artifício de desvalorizar o outro ser humano, seja de modo direto ou indireto, desvalorizando o seu trabalho. Mas as ações têm consequências e a maioria dos espertos das “pequenas vantagens”, ou nem percebe que são vítimas de outros, ou o fazem a justificar que também são explorados e têm ciência disto.

Refleti sobre esta condição tão antiga na nossa civilização e observo que é reflexo da condição do espírito, do seu grau evolutivo moral, pois que independe de estar ou não encarnado.

Nos indivíduos encarnados não espiritualizados, isolados ou grupos de todos os tipos, sob uma vestimenta política, ideológica ou corporativa, há a oportunidade de manusear a “matéria”, do erário às propriedades, na ilusão do falso brilho do poder.

Procuram satisfazer o insaciável desejo do ter, insidiosamente inserido nas mídias, diariamente, porém, no inevitável desencarne, obrigatoriamente retornam à condição real de Espíritos.

Não levamos nada de material para os planos espirituais e, assim como nascemos, nus e sem bens materiais, vestes ou adereços, desencarnamos e nem com o antigo corpo físico ficaremos.

A condição de proprietário no mundo espiritual é bem diversa, pois a “meritocracia” é a lei.

As conquistas que levamos são os nossos tesouros da alma, leves e perenes.

 

No caso de desencarnados destituídos de uma educação espiritual, a busca pelo poder sobre “o outro” é mantida e daí surgem grupos e organizações com interesses não evolutivos e até mesmo trevosos. Há uma continuidade no comportamento do encarnado para desencarnado, pois manipulam o outro ser humano que se encontra em situação psíquica, emocional e intelectual precárias, num jogo de interesses escusos.

E observo o que foi dito ao nosso Irmão M., que “ele não servia para mais nada!”. Desvalorizado, e possivelmente com núcleos mais complexos de culpa no seu inconsciente, torna-se presa fácil à exploração.

 

Mas tudo começa aqui, na Terra. Nas pequenas e grandes concessões, nas transgressões éticas que muitos de nós cometemos no dia-a-dia, escamoteadas por desculpas diversas.

Cada um de nós, Cristãos, não pode furtar-se à responsabilidade, pois a Moral do Cristo nos foi apresentada.

Como espíritas, observamos na Codificação várias advertências ao “comércio com os espíritos”, ainda usado em algumas seitas e religiões, sem observar-se que, quando um homem encara a outro como um serviçal inferior, um vassalo ou escravo, auxilia a perpetuar a ignorância.

Temos o dever moral de esclarecê-los, com toda a paciência possível e, para isto, educarmos. Manter a pratica da reflexão, e observar o “Orai e Vigiai”, para nem sermos algozes nem vítimas inconscientes.

 

E encerro hoje, pedindo à Misericórdia Divina que nos esclareça a todos e, especialmente, aos Espíritos que sofrem manipulações egoístas e aos próprios algozes pseudo-poderosos, pois ambos ignoram a sua condição de Filhos de Deus, portanto da nossa Irmandade Terrestre.

 

Entre os Espíritos inferiores, muitos há que são infelizes.

Quaisquer que sejam as faltas que estejam expiando, seus sofrimentos constituem títulos tanto maiores à nossa comiseração, quanto é certo que ninguém pode lisonjear-se de lhe não caberem estas palavras do Cristo: “Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado.”

A benignidade que lhe testemunhemos representa para eles um alívio.

Em falta de simpatia, precisam encontrar em nós a indulgência que desejaríamos tivessem conosco.”

Allan Kardec, no Livro dos Mediuns.

 

Muita Paz para todos nós.

Francesca Freitas

13-06-2012

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